O Holismo Político: O Conceito de Sistema da Quarta Teoria Política

A palavra “política” vem do grego polis, que significa cidade-Estado. Não é uma cidade, não é um Estado, mas é como se fosse um Estado em escala muito reduzida, com um centro urbano que funciona como uma instituição de unificação do Estado, onde todas as atividades direcionadas ao público, isto é, a política em sentido amplo, que inclui administração, formação intelectual, moral, religiosa e militar daquele povo. Eram “cidades” independentes em todos os sentidos, autossuficientes. Por isso elas constituem uma espécie de universo: a cidade-Estado é um universo à parte. E este é o sentido primitivo e originário do termo “política”: ser um universo, um microcosmo.
Nosso interesse aqui é buscar compreender um pouco de que modo as teorias modernas compreendem este universo e de que modo a Quarta Teoria o compreende. Porque são teorias completamente diferentes, que levam a consequências radicalmente distintas na estrutura, na organização e, assim, na administração desta estrutura.

E para compreender isto é necessário ter em mente o seguinte: em toda a história do pensamento e da política, bem como de todas as instituições subsequentes, como as ciências, o Direito etc., o que está em jogo nesta estrutura sistêmica (e metafísica) é uma tensão entre dois polos opostos: o indivíduo, de um lado, e o coletivo de outro. As disputas políticas, por essência, estão baseadas nesta tensão, pois os lados enxergam aspectos diferentes nela ou partem de interesses divergentes.

Multipolaridade: A Definição e a Diferenciação entre seus Significados

Mais e mais obras sobre relações exteriores, política mundial, geopolítica, e atualmente, política internacional, são dedicadas ao tema da multipolaridade. Um número crescente de autores tentam compreender e descrever a multipolaridade como um modelo, fenômeno, precedente ou possibilidade.

O típico da multipolaridade foi tocado, de uma maneira ou de outra, nas obras do especialista em relações internacionais David Kampf (no artigo, "A Emergência de um Mundo Multipolar"), do historiador Paul Kennedy da Universidade de Yale (em seu livro, "A Ascensão e Queda das Grandes Potências"), do geopolítico Dale Walton (no livro, "Geopolítica e as Grandes Potências no Século XXI: Multipolaridade e a Revolução em Perspectiva Estratégica"), do cientista político americano Dilip Hiro (no livro, "Após o Império: Nascimento de um Mundo Multipolar"), e outros. O mais próximo da compreensão do sentido da multipolaridade, em nossa opinião, foi o especialista britânico em RI Fabio Petito, que tentou construir uma alternativa séria e substanciada ao mundo unipolar com base nos conceitos legais e filosóficos de Carl Schmitt.

A "ordem mundial multipolar" também é repetidamente mencionada nos discursos e escritos de figuras políticas e jornalistas influentes. Foi assim que a ex-Secretária de Estado Madeleine Albright, que primeiro chamou os EUA de a "nação indispensável", afirmou em 2 de fevereiro de 2000, que os EUa não querem "estabelecer e impôr" um mundo unipolar, e que a integração econômica já criou "um certo mundo que pode até ser chamado multipolar". Em 26 de janeiro de 2007, na coluna editorial do "The New York Times", foi escrito abertamente que a "emergência do mundo multipolar", junto com a China, "agora assume lugar na mesa em paralelo com outros centros de poder como Bruxelas ou Tóquio". Em 20 de novembro de 2008, no relatório "Tendências Globais 2025", do Conselho de Inteligência Nacional dos EUA, foi indicado que a emergência de um "sistema global multipolar" podia ser esperada para dentro das próximas duas décadas.

A luta contra o liberalismo possui um aspecto antropológico

As raízes das ideologias totalitárias remontam à modernidade. A essência modernista do liberalismo mostra-se agora. Ele ficou sozinho e, assim, manifesta sua própria estrutura. Há aqueles que dizem “sim” a ele (ao eixo de governo liberal, a quinta e a sexta colunas). No entanto, a maioria da humanidade, cada vez mais, diz “não”. E, então, começamos a nos situar na Quarta Teoria Política. Enquanto permanecemos dentro do quadro das três teorias [modernas], nos deslocaremos sempre para uma delas (ou para uma mistura ideológica). No trato com seus oponentes, o liberalismo simplesmente os rotula ou de “fascistas” (equiparando-os a Hitler) ou de stalinistas. Como estamos diante de uma sociedade aberta (em referência à Sociedade Aberta de Karl Popper), seus inimigos são classificados como comunistas e fascistas. Mas a QTP propõe uma fórmula importante: “somos contra o liberalismo”. Se a armadilha da hegemonia consiste em nos identificar imediatamente com os fascistas ou os comunistas, a QTP propõe ir além destes, acrescentando à fórmula anterior: “não somos fascistas e nem comunistas”.

O sujeito da QTP é o Povo [Narod], considerado não enquanto população ou enquanto um conjunto de cidadãos: o Povo como um conceito cultural e histórico, que existe para além dos microciclos temporais, isto é, na eternidade social – aquilo que foi, é e será.

A Quarta Dimensão

No século XIX , testemunhamos a ascensão de guerras conduzidas em nome da humanidade, isto é, guerras de natureza moralizante e criminalizante, guerras baseadas em uma ideologia, onde princípios abstratos eram defendidos. Esse tipo de guerra assinalou o retorno da “guerra justa” (sua primeira aparição pôde ser observada durante a Guerra Civil Americana). A quarta forma de guerra é, agora, a guerra contra o “terror” (ou a “Guerra nas Estrelas”): uma guerra de caráter assimétrico e total.

Em muitos sentidos, nós já entramos na quarta dimensão da guerra. Entrar nesta quarta dimensão nos traz para mais perto da hora da verdade. A questão que permanece é: qual será a configuração geral das questões neste século, as principais linhas de demarcação e as clivagens decisivas? Por enquanto, vivemos em um tipo de interregnum. Porém, a partir de agora, a questão essencial deve ser abordada: o enigma do sujeito do processo histórico em um mundo cominado pelo capitalismo, no qual o próprio capitalismo está sujeito a terríveis contradições internas, enquanto, ao mesmo tempo, se torna cada vez mais forte, dia após dia. Quem será o sujeito histórico que abalará as coisas agora?

A pessoalidade econômica

Teoricamente, devemos afirmar um retorno radical ao Trabalhador integral, à pessoalidade econômica, contra a “ordem” capitalista desintegrada (que é, mais precisamente, um caos controlado) e o indivíduo crematístico. Isso implica em uma desurbanização radical e em um retorno às práticas agrícolas e à criação de comunidades camponesas soberanas. Este é o programa econômico da QTP – o ressurgimento da economia após a noite nebulosa da crematística, o renascimento da pessoalidade econômica do abismo do individualismo.

Mas não podemos ignorar a escala profunda do niilismo capitalista. O problema não tem uma solução técnica: o capitalismo não pode ser corrigido, ele deve ser destruído. O capitalismo não é apenas uma acumulação da parte maldita, ele é a própria parte maldita – essa é a sua essência. Portanto, a luta contra o capitalismo não é uma competição em termos de eficiência, mas uma luta escatológico-religiosa contra a morte.

O capitalismo, historicamente, ou melhor, historialmente (seynsgeschichtliche), é o penúltimo acorde do mistério eleusiano. A economia está apodrecendo sob a crematística, a pessoalidade econômica segue sendo despedaçada na esteira do Indivíduo, assim como os elementos e as estruturas vitais vão sendo destruídos pela mecânica do desejo eletrônico. Mas tudo isso passa a ter algum sentido se concebermos a história econômica como um mistério. Deste modo, estamos na última hora antes da aurora. Hoje, o capitalismo chegou em seu limite. O selo do Anticristo eletrônico foi desatado – tudo fica mais claro. Não se trata apenas de uma crise ou de uma disfuncionalidade técnica: chegamos no momento do Juízo Final, que é justamente o momento da Ressurreição. Mas para que a Ressurreição aconteça, é necessário que haja um sujeito da ressurreição, isto é, um iniciado, uma Pessoa, uma pessoalidade – um camponês.

Os precursores iranianos da Quarta Teoria Política

À época da Revolução Iraniana de 1979, apenas Fardid permanecia vivo do trio de Fardid, Al-e-Ahmad e Shariati. Porém, suas ideias exerceram uma influência definitiva sobre a oposição ao Xá Reza Pahlavi, a partir do qual governava um regime modernista e ocidentalizante, ajudado pelas forças repressivas da brutal polícia secreta SAVAK. A oposição popular e islâmica mobilizou milhões, culminando na expulsão do Xá. Após sua chegada no Irã, o próprio Khomeini visitou o cemitério, em que muitas das vítimas do Xá que haviam caído na revolução foram enterradas, para prestar tributo a seus sacrifícios. O “xiismo vermelho” do martírio havia conquistado uma vitória crucial. Após a Revolução, o Irã seria reconstituído, não nas bases das ideologias modernas do comunismo ou do capitalismo, mas segundo sua própria tradição islâmica. Em face das disputas por poder na Guerra Fria, o Irã traçaria um caminho independente, pressagiando a visão multipolar da Quarta Teoria Política. Ademais, o Irã eventualmente desenvolveria um programa nuclear, subjugando o poder da tecnologia à vontade do Estado islâmico, um desenvolvimento que Al-e-Ahmad certamente aprovaria.

Intelectuais como Al-e-Ahmad, Fardid e Shariati plantaram as sementes do poder iraniano, um poder baseado em sua essência histórica, em um mundo multipolar. Sua integração orgânica das antigas tradições de seu país com as ideias mais revolucionárias do século XX fornece um mapa para os partidários da Quarta Teoria Política. A obra de Fardid, Al-e-Ahmad e Shariati é um excelente exemplo do que deve ser feito em todo país que busca construir a base intelectual para sua libertação do globalismo ocidental, de modo a garantir seu futuro em um mundo multipolar. Eles mostraram o caminho para a renovação das grandes civilizações tradicionais em uma era de forças culturalmente destrutivas emanando do Ocidente.

A América Latina deve representar um grande poder regional

Tenho a impressão de que nos tempos de Cristina Kirchner e de Dilma Rousseff, as duas nações mais importantes da América do Sul, países chave da América Latina, como o são Argentina e Brasil, estavam muito mais a favor da multipolaridade. Essa tendência de hoje, com a mudança dos líderes de Argentina e Brasil, pode ser uma reação globalista, como foi o caso da mudança de (Jacques) Chirac e (Gerhard) Schroeder, dois quase antiamericanos e mais próximos de nós em relação a (Nicolas) Sarkozy e (Angela) Merkel, que foram muito mais pró-liberais e menos continentalistas. Aqui, dois liberais como (Michel) Temer e (Maurício) Macri substituíram duas mulheres que estavam mais a favor da multipolaridade.

Rumo à Quarta Teoria Econômica

O socialismo [marxista] não é uma alternativa genuína ao capitalismo, porque aceita esta clivagem como um destino universal. Todo o Manifesto de Marx está relacionado a isso: ele busca ser não apenas anticapitalista (e também anti-pré-capitalista), mas também pós-capitalista. Neste sentido, Marx odiava os camponeses. O marxismo exige o agravamento da clivagem, a absolutização da Gestalt proletária, que seria o último estágio, o limite da divisão e da alienação. O proletário não existe como realidade individual (figura central do liberalismo). O que existe é apenas um camponês urbanizado, infeliz e, em todo caso, dividido – tanto como trabalhador industrial da cidade quanto como um pequeno-burguês.

A QTP rejeita o capitalismo em suas raízes, bem como a modernidade. Consequentemente, no campo da economia, a QTP representa um retorno ao Trabalhador integral. Em grande parte, isso corresponde ao populismo americano do final do século XIX (a União dos Agricultores e a criação do Partido Populista em 1892, sendo Frances Willard, Thomas Watson, etc., aqueles que poderíamos chamar de seus fundadores) ou o anarquismo agrícola de Proudhon, inspirado na experiência suíça.

No entanto, a restauração da figura do Trabalhador integral só é possível mediante a restauração dos dois outros tipos indo-europeus: o Sacerdote integral e o Guerreiro integral (um exemplo do guerreiro integral seria o cavaleiro).

O nacionalismo no Terceiro Mundo e a ideia de uma Quarta Teoria Política

Estamos falando de ideologias como o Chavismo na Venezuela, doutrina indubitavelmente socialista patriótica, pautada na criatividade política de Hugo Chávez, que conseguiu forjar uma Quarta Via em relação capitalismo-liberal, ao comunismo e ao nacionalismo chauvinista, conciliando suas influências peronistas e velasquistas com a perspectiva de um Estado Comunal baseado na autonomia produtiva dos trabalhadores. Sua finalidade? Como delineado em seu Plan de la Patria, estabelecer uma ordem mundial multipolar e pluricêntrica e efetivar construir um socialismo fundado sobre valores patrióticos na Venezuela.

Ou da Jamahiriya de Kadafi, doutrina política influenciada pelas ideologias de Segunda e de Terceira Posição, mas que também procurou forjar uma Quarta Via em relação a estas: sem deixar de reconhecer a atualidade da luta de classes e a preeminência da nação, Kadafi conferiu ao Povo, e somente a este, organizado em Comitês Populares, o papel de agente histórico e de sujeito político. Não a classe trabalhadora por si só ou a nação, mas ao Povo. Seu objetivo? Criar um Estado Social pautado na democracia orgânica, no socialismo natural e na Tradição (que ele identifica, em seu Livro Verde, como a lei natural que regia as sociedades antes do aparecimento das classes).

As raízes da identidade

A identidade profunda é o elemento que singulariza uma sociedade, um povo, uma cultura ou uma civilização – que faz com que eles sejam o que são. Desdobra-se de maneira difusa através de gerações e através das massas, mantendo sempre sua singularidade e frescor.

A identidade extrema é sempre relativa, individual e condicional. A identidade profunda é absoluta, universal – no âmbito de uma sociedade em específico – e não depende da expressão individual. A identidade extrema é um produto específico da identidade difusa. A identidade profunda precede a identidade difusa e funciona como a potência espiritual que a constitui.

Semelhante análise é muito importante para uma compreensão precisa do desenvolvimento do nacionalismo no mundo atual.

Sobre o sentido de Outubro

Todas elas devem ser descartadas: a Revolução de Outubro deve ser entendida a partir da nossa própria história russa. Foi um evento pelo qual somos responsáveis. Em minha opinião, é irresponsável afirmar coisas como: “Eles mataram Deus”, “Eles forjaram a modernidade”, “Eles fizeram a revolução”. Nós fizemos isso, na medida em que somos russos. Devemos ter isso em mente. Talvez não possamos aceitá-la ou condená-la – podemos optar por nos orgulhar ou não. Mas ela deve ser situada fora destes três paradigmas.

Precisamos encontrar forças para trazer a Revolução de Outubro para uma Quarta Posição: a partir da perspectiva da história russa, da dialética russa, de nosso sujeito histórico. Não somos um joguete de certas forças, nem uma equação de mudanças históricas sequenciais ou de progresso tecnológico (liberalismo, evolução, etc.) e tampouco um objeto de conspiração.

Crítica ao progresso no pensamento antirracista

No que diz respeito ao estudos culturais e à filosofia, Nikolai Danilevskii, Oswald Spengler, Carl Schmitt, Ernst Jünger, Martin Heidegger e Arnold Toynbee demonstraram que todos os processos na História da filosofia e história da cultura são fenômenos cíclicos. O historiador russo Lev Gumilev também o sugere em sua versão da História cíclica, a qual explicou em sua famosa teoria da passionalidade. Todos esses autores reconhecem que existe desenvolvimento, mas também existe declínio. Aqueles que apostam apenas no crescimento e desenvolvimento agem contra todas as leis da História, contra as leis sociológicas, contra a lógica mesma da vida. Tal modernização unidirecional, tal crescimento, tal desenvolvimento e tal progresso não existem. Piotr Sztompka, sociólogo polonês contemporâneo, afirma [7] que, em termos de progresso, a seguinte mudança aconteceu nas ciências humanas: no século 19, todos acerditavam que ele (o progresso) existe e isso era o principal axioma e um critério científico. Porém, se examinarmos os paradigmas do século 20 nas humanidades e ciências naturais, veremos que quase todo mundo já rejeita tal paradigma; ninguém mais é guiado por ele. Hoje em dia, o paradigma do progresso é considerado quase “anti-científico”; é incompatível com os critérios científicos contemporâneos, bem como é incompatível com os critérios do humanismo e tolerância. Qualquer ideia de progresso é ela mesma um racismo velado ou direto, que reivindica a “nossa” cultura, por exemplo, a “cultura branca” ou a cultura americana como uma cultura superior à “sua” cultura; superior, por exemplo, às culturas africanas, islâmicas, iraquianas ou afegãs. Assim que afirmamos que a cultura americana ou russa é melhor do que a cultura Chukchi ou a dos habitantes do norte do Cáucaso, nós estamos agindo como racistas. Isso é incompatível, seja com a ciência ou com o próprio respeito a diferentes etnias.

Etnos e Sociedade: Review

Há alguns meses, a editora Arktos publicou um novo livro do conhecido filósofo russo Aleksandr Dugin, intitulado Ethnos and Society. Considerando que seu trabalho mais conhecido, A Quarta Teoria Política, consiste em um manifesto político pelo retorno à Tradição, tal como a uma luta impiedosa contra a modernidade (e sua fatídica derivação ideológica reinante, o Liberalismo), Ethnos and Society representa, em contraste, uma produção sociológica do professor Dugin ou, para ser mais exato, um trabalho de pesquisa. Mas o que seria, de fato, a Etnossociologia? Enquanto a sociologia moderna parte da sociedade moderna, toma o Indivíduo burguês e o Estado-Nação como normas (na mesma medida em que as comunidades pré-modernas são tidas por “atrasadas” e “selvagens”), a Etnossociologia segue o caminho inverso: concebe a humanidade enquanto etnos (comunidade tribal) como a primeira forma de organização humana e, a partir daí, se detém sobre suas ramificações mais complexas. Quando o vienense Richard Thurnwald fundou tal disciplina no início do século 20, seu objetivo era entender melhor a história social e as diferenças entre as tribos antigas e a sociedade moderna.

“O antifascismo e o anticomunismo visam suprimir a revolta dos povos contra o Pensamento Único

A extrema-esquerda e a extrema-direita são simulacros do século XX, ainda atadas ao conceito de nação do século XIX. Mas o Estado-Nação deve ser superado pelo conceito de Civilização, como Samuel Huntington já havia entendido no início dos anos noventa. É necessário superar a Vestfália e reconhecer a multiplicidade, na esteira do conceito heideggeriano de Dasein, que é o pré-requisito necessário para o reconhecimento das diferentes civilizações. Heidegger criticou o liberalismo e o comunismo, mas também – e de modo profundo – o nacional-socialismo, que ele acusou de ser racista e mecanicista. A Quarta Teoria Política não é uma mera Terceira Via entre o liberalismo e o comunismo. Com isso, ressalto minha crítica e meu ataque ao fascismo, ao nacionalismo e as suas expressões racistas, que têm servido como instrumentos do colonialismos eurocêntrico por parte do Ocidente, que usa destas para minar o desenvolvimento independente das diversas civilizações. Hoje, esse fascismo não tem lugar no Ocidente: diferente do Populismo, que é um fenômeno fundamental.

 

Novo Horizonte: Irão reuniu intelectuais de todo o mundo

Durante três dias Meched recebe anualmente toda uma miríade de intelectuais, académicos, personalidades políticas e militares, cantores, escritores, cineastas, críticos de cinema que se tenham destacado nos seus campos por um posicionamento anti-sionista e anti-imperialista.
A organização afirma que os conferencistas devem estar dispostos a debater os diferentes aspectos dos ideários da humanidade e as realidades do mundo que não recolhem grande tempo de antena pelas instituições e meios de comunicação social mais convencionais ou de maior disseminação e influência.
A temática mais frequente lida com assuntos de âmbito mundial e regional, geopolítica do Médio Oriente e da Eurásia, a presença islâmica na Europa, a islamofobia, a irãnofobia e a discriminação em geral, a hostilidade institucional dos Estados Unidos da América para com a sua população afro-descendente, o lobby sionista, a política externa dos EUA, a cooperação Sul-Sul, os centros decisores da política ocidental, etc.

Manifesto Europa Magna

A Europa é um caldeirão sem saída. O caldeirão sem saída da história. Já não é européia. Tem perdido suas raízes profundas. Para qualquer europeu com consciência histórica clara, nosso tempo é um grande desastre. Assim, necessitamos identificar a essência de sua enfermidade, aprofundar-nos em suas fontes e propor a saída.

A Europa está baseada no aberto domínio da democracia liberal em sua forma mais radical e intolerante. O liberalismo de origem anglo-saxã é imposto à sociedade européia de maneira totalitária. Você está obrigado a ser livre, mas só à maneira liberal Pode optar por ser liberal de esquerda, liberal de direita e, em algum momento, de extrema esquerda – no extremo oposto da extrema direita liberal (liberal, não obstante).

A economia de livre mercado, o papel dominante da elite financeira internacional, o individualismo anti-social mais radical, o credo cego no progressismo técnico, a política de gênero e a forma mais absoluta de secularismo são considerados axiomas absolutos para a classe dominante, que os fixa através do poder político, do sistema educativo, do controle sobre os recursos informativos e dos meios de comunicação de massas, como este, do sistema normativo.

O Holismo Político – O Conceito de Sistema da Quarta Teoria Política

A QTP se baseia no conceito de holos, que também é um termo grego e significa “o todo”. Este todo, porém, é uma síntese entre os dois polos combatentes, o indivíduo de um lado e o coletivo de outro. O conceito de holos é, assim, o modelo primitivo de organização política, é o modelo de um uni-verso, em que a unidade e a diversidade constituem dois aspectos de uma mesma realidade que, no escopo político, constitui apolis, a cidade-Estado ou organização política primitiva e originária.

Assim, o sistema político da QTP constitui um holismo.

O homem, neste sistema, não é mais considerado um indivíduo. Pois, como vimos, o indivíduo é um ser fechado em si mesmo, e o homem, pelo contrário, é um ser orgânico, cuja essência inclui o respirar, o evacuar, atividades essencialmente relacionadas com o meio “externo” ao “indivíduo”.

O Ano Novo e natureza do tempo

O Ano novo é um feriado de liberdade, é sobre o fato de que o próximo ano não será tão linear e repulsivo como o anterior. Nossa tarefa, como Pessoas, é encontrar a ponte para um Ano Novo em nós mesmos, para que possamos permitir que o novo começo se torne realidade. Nós construímos fatalidades lineares por nós mesmos, mas existem outras vias: o ponto de bifurcação, quando a linha do tempo se transforma numa cobra que captura sua própria cauda, pode ser uma ocasião para pensar sobre o que é a verdadeira liberdade, e que não é muito tarde para alterar o curso das coisas.

Para onde quer que formos, sempre iremos errar, mas isso não significa que o atual curso das coisas seja correto: continuar nele é que será um erro. Há uma ocasião para a liberdade, no Ano Novo, que é o fracasso das ideias deterministas, quando um horizonte de possibilidades se abre para nós, situado-nos noutro espaço existencial, cuja abertura se inicia em nós [antropologicamente]. O Ano Novo é uma excelente ocasião para pensar sobre isso.

Rumo à Quarta Teoria Econômica

A QTP rejeita o capitalismo em suas raízes, bem como a modernidade. Consequentemente, no campo da economia, a QTP representa um retorno ao Trabalhador integral. Em grande parte, isso corresponde ao populismo americano do final do século XIX (a União dos Agricultores e a criação do Partido Populista em 1892, sendo Frances Willard, Thomas Watson, etc., aqueles que poderíamos chamar de seus fundadores) ou o anarquismo agrícola de Proudhon, inspirado na experiência suíça.

No entanto, a restauração da figura do Trabalhador integral só é possível mediante a restauração dos dois outros tipos indo-europeus: o Sacerdote integral e o Guerreiro integral (um exemplo do guerreiro integral seria o cavaleiro).

O Holismo Político: O Conceito de Sistema da Quarta Teoria Política

Em nível internacional, os Estados-nação estão relacionados de acordo com o conceito de multipolaridade: cada Estado tem seu lugar natural no sistema do mundo, que é o uni-verso em escala macrocósmica. Há uma amizade entre Estados, uma coparticipação no universo. Isto contraria os sistemas modernos, que são por definição universalistas e unipolaristas, buscando adequar o mundo inteiro de acordo com seus sistemas abstratos e individualistas (e exemplo disto são tanto a OTAN, liberal, quanto a União Soviética, socialista).
Os Estados-nação, assim, se tornam ideologicamente vazios, tornam-se ferramentas para a defesa das comunidades étnicas. O separatismo ou o unionismo se tornam vazios de sentido em si mesmos. Separatismo e unionismo são indiferentes para a determinação e preservação dos povos, de modo autônomo. O único fator que pode alterar a balança dos povos internamente aos Estados é o interesse dos governantes destes mesmos Estados.

Transhumanismo e Pós-humanismo

Claro que a grande maioria da humanidade hoje não está pronta para se transformar em cyborgs ou mutantes. Mas ninguém pediu a opinião da maioria da humanidade. Toda a história é feita pelas elites. As massas nunca estão prontas para nada. Mas isso não significa absolutamente nada. Eles não estão prontos - eles estão sendo preparados, e ninguém nem percebe isso.

O transhumanismo é inevitável se aceitarmos a tendência principal da Era Moderna, a fé no progresso, no desenvolvimento e na melhoria da humanidade. Esta religião, ou melhor, pseudo-religião do progresso, foi introduzida na Europa e no mundo pelo Iluminismo. Esta heresia gradualmente substituiu ou empurrou para a periferia todas as formas tradicionais de religião - em primeiro lugar, o cristianismo. É impossível parar a meio caminho neste percurso de progresso. Dizendo "a", temos que dizer "b", "c", "d" e todas as outras letras do alfabeto. H+ é a última carta. Daí em diante, apenas a linguagem do computador começa.

É necessário que nos livremos da globalização das mentes

Assim, o mais importante é construir uma metafísica profunda para um mundo multipolar – uma descolonização profunda. A descolonização política nem sempre é seguida pela descolonização das mentes, uma vez que a modernidade penetra no próprio núcleo da cultura: livrar-se dela e dizer “sim” às suas raízes é muito difícil. Desta forma, a independência política é uma condição necessária, mas não suficiente.

O racismo é parte da ideologia liberal

Em primeiro lugar, as sociedades étnico-orgânicas devem ser salvas da ditadura modernista e nacionalista de tipo ocidental. O eurasianismo é precisamente isto: um Império tradicional, sagrado, religiosos e espiritual, baseado nas sociedades étnico-orgânicas tradicionais, contra o Estado-Nação burguês e contra a globalização (que é a universalização do padrão liberal em escala global). Neste primeiro nível, o nacionalismo étnico pode ser considerado como parte legítima da luta de libertação contra o imperialismo (é o caso da recente luta dos galeses e escoceses, que eu apoio totalmente).

Mais do que isso, considero legítima a vontade dos ucranianos de reafirmarem sua identidade étnica. Mas uma coisa é a afirmação da identidade e outra é criação de novos Estado nacionais burgueses, que irão necessariamente oprimir minorias étnicas. O Estado nacional (grande ou pequeno) não é solução.

A Quarta Teoria Política é uma teoria radical e revolucionária!

Se o Liberalismo é o projeto de poder da classe dominante globalista, afirmado diariamente contra o direito dos povos de forjarem os seus próprios destinos de maneira independente, a Revolução proposta pela Quarta Teoria Política afirma o contrário: a necessidade de se destruir o Liberalismo por completo, materialmente (o modo de produção capitalista) e espiritualmente (os valores liberais e burgueses de base), tendo em vista a edificação de um Novo Mundo, pautado sobre um novo paradigma: o de que os Povos são donos integrais de seus destinos históricos.

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