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COUNTER-HEGEMONY IN THE THEORY OF THE MULTIPOLAR WORLD

Although the concept of hegemony in Critical Theory is based on Antonio Gramsci’s theory, it is necessary to distinguish this concept’s position on Gramscianism and neo-Gramscianism from how it is understood in the realist and neo-realist schools of IR.

The classical realists use the term “hegemony” in a relative sense and understand it as the “actual and substantial superiority of the potential power of any state over the potential of another one, often neighboring countries.” Hegemony might be understood as a regional phenomenon, as the determination of whether one or another political entity is considered a “hegemon” depends on scale. Thucydides introduced the term itself when he spoke of Athens and Sparta as the hegemons of the Peloponnesian War, and classical realism employs this term in the same way to this day. Such an understanding of hegemony can be described as “strategic” or “relative.”

In neo-realism, “hegemony” is understood in a global (structural) context. The main difference from classical realism lies in that “hegemony” cannot be regarded as a regional phenomenon. It is always a global one. The neorealism of K. Waltz, for example, insists that the balance of two hegemons (in a bipolar world) is the optimal structure of power balance on a world scale[ii]. R. Gilpin believes that hegemony can be combined only with unipolarity, i.e., it is possible for only a single hegemon to exist, this function today being played by the USA.

In both cases, the realists comprehend hegemony as a means of potential correlation between the potentials of different state powers. 

Gramsci's understanding of hegemony is completely different and finds itself in a completely opposite theoretical field. To avoid the misuse of this term in IR, and especially in the TMW, it is necessary to pay attention to Gramsci’s political theory, the context of which is regarded as a major priority in Critical Theory and TMW. Moreover, such an analysis will allows us to more clearly see the conceptual gap between Critical Theory and TMW.

Metafísica Afro-Brasileira

Entre os mais ignorantes há a ideia de que as vertentes afro-brasileiras não possuem uma doutrina metafísica própria: ela seria, num primeiro caso, inexistente, com a religião como um mero sistema étnico, cultural e social ou, em outra possibilidade, um mero agregado sincrético das diversas influências de suas vertentes: o catolicismo romano popular, o kardecismo e a cultura popular. No entanto, as duas opções estão longe da verdade.

De fato, é possível atribuir diversas influências dentro do universo sincrético afro-brasileiro – levando em conta que não há uma religião afro-brasileira institucionalizada, não há um livro sagrado com doutrinas metafísicas expostas claramente ou mesmo escondidas sob mitos, fábulas e contos, como a tradição judaica-cristã e, além disso, há uma infinidade de nações, casas, vertentes e cruzamentos com doutrinas particulares. Para compreender melhor a questão, é preciso fazer um esclarecimento histórico.

O Paradigma do Fim

A análise das civilizações, sua correlação, sua confrontação, seu desenvolvimento, sua interdependência, são questões extremamente difíceis enquanto problemas, seja na dependência dos métodos, na profundidade da pesquisa, onde alguém pode obter resultados não apenas diferentes, mas diretamente contrários. Contudo, mesmo para obter as mais aproximadas conclusões, alguém deve aplicar a redução, reduzir a variedade de critérios para um modelo simplificado. O marxismo prefere apenas a abordagem econômica, que se torna substituta e denominador comum para todas as outras disciplinas. Assim também é o liberalismo (apesar de o ser menos explicitamente). 
A geopolítica, que é menos conhecida e menos popular que uma variedade de aproximações econômicas, mas não menos efetiva e óbvia em explicar a história das civilizações, sugere outro método de redução completamente diferente. Outra versão do reducionismo são as formas diversas de abordagem ética, que incluem "teorias raciais" como seu aspecto extremado.

As influências ocultas na Rússia:

Não só na Rússia, mas no mundo todo, o esoterismo desempenha um papel importante. Não só no campo da influência das eminências pardas em torno dos governantes (como astrólogos e magos dos imperadores bizantinos, sábios e sacerdotes da corte chinesa), mas também na própria essência do desenrolar sócio-político. Segundo o Professor Alexander Dugin, as guerras noológicas giram em torno dos logoi de Apolo, Dionísio e Cibele. O Logos de Cibele é o logos da Mãe Terra, gerador do materialismo e cientificismo, a era do pragmatismo epicurista, em oposição ao aristotelismo e ao platonismo – neste ponto, o único paradigma totalmente oposto ao Logos de Cibele é o platonismo. Desta forma, o que tomamos como “ocultismo” não está excluído da era do Logos de Cibele: pelo contrário, só recebe uma nova interpretação, completamente degenerada, mas ainda presente. Não é mais a era dos mistérios teomaquistas, viris e guerreiros, mas a era do esoterismo de pacotilha, a versão sentimental, da física quântica e do psiquismo.

A Quarta Teoria Política: Ser ou Não Ser

Para o meu país, a Rússia, a Quarta Teoria Política tem, entre outras coisas, uma importância prática considerável. A integração com a comunidade mundial é experimentada pela maioria dos russos como um drama, como uma perda de sua identidade. Na década de 1990, a ideologia liberal se vê quase totalmente rechaçada pela população russa. No entanto, por outro lado, a intuição sugere que o retorno às ideologias políticas não-liberais do século XX - o comunismo e o fascismo - é pouco provável em nossa sociedade, sendo que estas ideologias historicamente demonstraram serem incapazes de resistir ao liberalismo, sem mencionar o custo moral do totalitarismo.

Da Natureza do Tempo

A real diferença entre as naturezas do tempo real e ilusória é o caráter de evento e o de consistência, ambos ligados à noção de substância do ser, à natureza do próprio ser. O caráter de consistência leva em consideração a limitação inerente à multiplicidade do ser, ou seja, prende-se ao modo da manifestação cuja direção é essencialmente descendente e divergente, fuga do centro sintético do ser, unidade, essência, harmonia. Por sua vez, o caráter de evento é o modo ascendente e sintetizador do ser, cuja direção é o retorno a nada mais nada menos do que a origem perdida e esquecida. Só que este retorno não significa um ciclo, é irrepresentável, porque o ciclo, sendo uma sucessão de pontos, uma linha que se dobra, tem o mesmo caráter do da linha reta, que é a sucessão indefinidamente circular dos "momentos" - qualitativamente, linha circular e linha reta são idênticas, e a real distinção do tempo se dá metafisicamente, como já apresentado acima.

Uma Leitura Ôntico-ontológica do Dasein como Principal Sujeito Histórico da Quarta Teoria Política: uma Resposta a Álvaro Hauschild

Meu referencial teórico nesta réplica continua sendo a Quarta Teoria Política do professor Alexandr Dugin, desta vez centrada no Dasein (o macro-sujeito sócio-político da referia teoria), em respeito à delimitação do objeto da querela ora entabulada. Ademais, cumpre assinalar, preambularmente, que não atacaremos o mérito da natureza temporal (qualitativa/quantitativa) da escatologia cristocêntrica, uma vez que, no que concerne a este tópico, endossamos cada palavra de Hauschild e até incentivamos aprofundamentos subsequentes, dado o interesse de possíveis neófitos pela matéria.
 

A Quarta Ideologia

A Quarta Teoria Politica é uma teoria que se encontra além das três teorias modernas por estar além da modernidade. Para superar o liberalismo ela propõe seguir além da modernidade e da pós-modernidade. Críticos da quarta teoria questionam como é possível um movimento revolucionário de caráter tradicionalista e conservador, assim Dugin lança a pergunta “o que é conservadorismo?”, desse questionamento, ele nos apresenta três tipos de conservadorismo: conservadorismo liberal, conservadorismo tradicional e o conservadorismo revolucionário.  
 
O primeiro conservadorismo, o de cunho liberal, é o conservadorismo daqueles que dizem “sim” às mudanças liberais e o avanço do mundo moderno unipolar, mas de uma forma desacelerada. O conservador liberal acredita nos preceitos liberais da modernidade, mas para os preceitos da pós-modernidade é um pouco cedo. Entretanto, ele não negará a pós-modernidade e seus danos, eles de qualquer forma ocorrerão. 

O que é o Brasil? O Brasil Visto à Luz da Quarta Teoria Política

A ordem vigente, formada pela relação de poderes do pós-segunda guerra mundial, é uma ordem caduca, não mais capaz de representar a real distribuição de forças do mundo atual. Assim, embora o BRICS ainda não advogue o rompimento com tal ordem, busca uma reforma que traga mais justiça aos países emergentes e em desenvolvimento, adquirindo assim também forte importância simbólica – importância essa que cada vez mais deixa de ser somente simbólica para transformar-se em uma liderança real na busca da multipolaridade.
 
A informalidade dos BRICS, poder-se-ia alegar, representaria uma fraqueza em sua solidificação. Porém, como argumentam Cooper e Farooq, essa fraqueza pode, em verdade, ser sua força. O caráter informal é justamente a maleabilidade que permite que o BRICS não seja obrigado a tratar de todos os temas, tendo maior enfoque nos objetivos em comum. Se se tentasse incialmente tratar as mais diversas pautas em uma estrutura rígida e formal, tornar-se-ia um tanto difícil alcançar consenso e cooperação. A informalidade abre espaço para unir esforços nos pontos de convergência, respeitando o tempo necessário para que se alcance maior formalidade conforme a consonância de interesses aumente. Ao mesmo tempo, o pequeno quadro de membro do BRICS torna mais dinâmica a construção do consenso (COOPER e FARROQ, 2015). Se é verdade que mesmo entre 5 países coordenar ações não é tarefa fácil, em um grupo que fosse formado por um número muito grande de países, seria de se esperar que houvesse lentidão e imobilidade de ações, pois as divergências seriam extremamente trabalhosas e tomariam muito tempo para se resolver. 

O Horizonte Cósmico de Possibilidades da Quarta Teoria Política Rumo à Superação da Pós-Modernidade

O que caracteriza a modernidade como paradigma é a “liquefação dos padrões de dependência e interação” (BAUMAN, p.14) Não conseguindo fixar o espaço por muito tempo, a modernidade líquida prescinde de configuração específica devido ao trânsito livre de suas moléculas, viabilizado pela inoponibilidade de resistência. A circulação do capital mediada por instituições financeiras e catalisada pelas relações de produção em uma sociedade regida pelo princípio da divisão do trabalho materializam a dinâmica de um organismo que, a princípio, parece funcionar a partir de meios de atuação que ele mesmo gera e recicla incessantemente. Esse procedimento tecnocrático viciado repercute nas mais diversificadas searas de interação sócio-política, gerando um déficit de legitimidade acentuado pelo advento da globalização, na década de 70. E aqui precisaremos dedicar maior atenção. 
 
Nos dizeres de Zygmunt Bauman, “a integração e a divisão, a globalização e a territorialização, são processos mutuamente complementares. Mais precisamente, são duas faces do mesmo processo: a redistribuição mundial de soberania, poder e liberdade de agir desencadeada (mas de forma alguma determinada) pelo salto radical na tecnologia da velocidade. A coincidência e entrelaçamento da síntese e da dispersão, da integração e da decomposição são tudo, menos acidentais; e menos ainda passíveis de retificação”. (BAUMAN, p.77)    

IDENTIDADE, TERRITÓRIO E RAÍZES BRASILEIRAS

Bem, primeiro gostaríamos de agradecer sua disponibilidade em nos conceder esta entrevista. Para falar a verdade, alguns de nós sempre achamos curioso ver a “filha do Djavan” (inevitável a associação, não é?) frequentando os meios dissidentes e se aproximando do Dugin e da Quarta Teoria Política. Essa foi uma das razões que motivaram a entrevista.

Dito isto, pode-se dizer que você, além de simpatizante, é uma adepta do corpo teórico e prático da Quarta Teoria Política (4ªTP)?

Totalmente adepta e, indo mais longe, tenho me dedicado integralmente ao desenvolvimento deste corpo teórico e de pôr em prática as ideias desta teoria, sob orientação do Professor Dugin.

Império de Nosso Amanhã

Em nosso Sacro Estado Grão-Continental, haverá três tipos (com variações e subtipos, bien sûr):
  • filósofos-padres (clero)
  • guerreiros heroicos reais (nobreza)
  • trabalhadores-camponeses (povo)
Se você não se identifica em nenhum destes, não será incluído em nosso Estado.
Esta é a estrutura clássica da sociedade indo-europeia, que existiu a princípio e sempre (para sempre!) foi a verdadeira essência das ideias políticas das culturas europeias e indo-europeias da Eurásia. 
Emergiu em tempos antigos, na antiguidade, na civilização do Mediterrâneo na Idade Média e até na patologia dos tempos modernos (de formas distorcidas). Nós lidamos com paródias – precisamos de um Sacro Império.
Em sua cabeça, o sacro basileu, o Grande Monarca.

Manifesto da Aliança Revolucionária Global

Vivemos no final de um ciclo histórico. Todos os processos que constituem o sentido da história chegaram a um impasse lógico.  

O fim do capitalismo: O desenvolvimento do capitalismo chegou ao seu limite natural. Há somente uma coisa deixada para o sistema econômico mundial – entrar em colapso no abismo. Baseado em um aumento progressivo das instituições puramente financeiras, bancos em primeiro lugar e, em seguida, estruturas de ações mais complexas e sofisticadas, o sistema do capitalismo moderno, completamente divorciado da realidade, a partir do equilíbrio da oferta e da procura, a partir de relação de produção e consumo, a partir da conexão com uma vida real. Toda a riqueza do mundo está nas mãos da oligarquia financeira mundial através das manipulações complicadas com a construção de pirâmides financeiras. 

Batalha pelo Estado

No sentido político, a situação na Rússia está se tornando crítica. Essas são mudanças fundamentais mais do que flutuações na superfície. Tentemos criar um esquema conceitual dos eventos atuais.
Há um Povo (Narod em russo, similar ao Volk alemão), e há povo (população). Essas são duas coisas diferentes (conceitos diferentes). E todos eles são coletivamente conhecidos como "Rússia". Essa homonímia gera camadas de significado, e tudo se torna confuso. Vamos ortogonalizar a imagem situado tudo em seu próprio nível.
Narod é uma comunidade histórico-cultural. É um sujeito de destino e criador da história. Porém, nem todas as filosofias e ideologias reconhecem sua existência nesse sentido. Narod não existe para os liberais - há apenas um agregado de indivíduos. Nem ele existe para os comunistas - apenas classes existem; para os nazistas - apenas raça existe; e para os fascistas - apenas o Estado. E, ainda que soa paradoxal, Narod não existe para os nacionalistas também - para eles, há uma nação política baseada na pertença individual (a nação burguesa clássica é um produto da Europa durante o período da Modernidade). Narod não existe para todas essas ideologias - isto é, para a nomenclatura ideológica completa da Modernidade. Mas ele existe - é a única coisa que realmente existe. 

Rumo à Laocracia

A Rússia moderna possui capitalismo. Portanto, ela é governada por capitalismo e portanto não o Narod. Para construir a Rússia na qual governará o “Narod”, é necessário concretizar uma revolução anti-capitalista (ou, ao menos, anti-oligárquica). Magnatas financeiros deveriam ser excluídos do poder político. E isso é o central. Todos devem escolher – poder OU dinheiro. Escolha o dinheiro - esqueça o poder. Escolha o poder – esqueça o dinheiro.
 
A revolução deve se concretizar em três estágios:
 
1. Ultimato a todos os grandes oligarcas (uma centena tirada de uma lista da Forbes e mais outra centena que se esconde, mas que todos sabemos quem são) para que jurem lealdade aos ativos Russos (todos ativos estrangeiros e nacionais estratégicos serão agora controlados por corpos especiais).
2. Nacionalização de todas as propriedades privadas de importância estratégica.
 
3. Transmutação dos representantes patrióticos do grande capital para a categoria de funcionários com a transferência voluntária da sua propriedade para o Estado. Eliminação dos direitos civis (incluindo aqui o fim do direito de voto, participação em campanhas eleitorais, etc.) para aqueles que preferirem preservar o capital em escala não estratégica, mas significante.

A Guerra Contra a Rússia em sua Dimensão Ideológica

A guerra contra a Rússia é agora a questão mais discutida no Ocidente. Ela é ainda uma sugestão e possibilidade. Ela pode se tornar realidade dependendo das decisões tomadas por todas as partes envolvidas no conflito ucraniano - Moscou, Washington, Kiev, Bruxelas.
Eu não quero discutir aqui todos os aspectos e a história desse conflito. Eu proponho ao invés a análise de suas raízes ideológicas profundas. Minha visão dos eventos principais está baseada na Quarta Teoria Política, cujos princípios eu já descrevi em meu livro sob o mesmo nome aparecido em inglês pela Editora Arktos há poucos anos atrás.
Assim, eu vou estudar não a guerra do Ocidente com a Rússia avaliando seus riscos, perigos, questões, custos ou consequências, mas o significado ideológico da mesma em escala global. Eu vou pensar no sentido de tal guerra e não na guerra em si (real ou virtual).

Carta ao Povo Americano sobre a Ucrânia

Agora aqui está o que quero dizer ao povo americano. A elite política americana tentou nessa situação, bem como em outras, fazer com que os russos odeiem os americanos. Mas ela falhou. Nós odiamos a elite política americana que traz morte, terror, mentiras e derramamento de sangue por todo lugar - na Sérvia, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria - e agora na Ucrânia. Nós odiamos a oligarquia global que usurpou a América e a usa como seu instrumento. Nós odiamos a duplicidade de sua política, onde eles chamam de "fascistas" a cidadãos inocentes sem qualquer característica que se assemelhe à ideologia fascista e com o mesmo fôlego negam a hitleristas declarados e admiradores de Bandera os qualificativos de "nazi" na Ucrânia. Tudo que a elite política americana fala ou cria (com pequenas exceções) é uma grande mentira. E nós odiamos essa mentira porque as vítimas dessa mentira não somos apenas nós, mas também o povo americano. Vocês acreditam neles, vocês votam neles. Vocês tem confiança neles. Mas eles os enganam e os traem.

Nós não temos interesse ou desejo de ferir a América. Nós estamos longe de vocês. A América é para os americanos, como o Presidente Monroe costumava dizer. Para os interesses americanos e nenhum outro. Não para os russos. Sim, isso é bastante razoável. Vocês querem ser livres. Vocês e todos os outros merecem isso. Mas o que raios você está fazendo na capital da antiga Rússia, Victoria Nuland? Por que você interfere em nossas questões domésticas? Nós seguimos o Direito e a lógica, linhas da história e respeitamos identidades, diferenças. Isso não é uma questão americana. Não é?

A vacuidade intelectual da Velha Direita

A Direita nunca foi apreciadora de intelectuais. Não é de admirar, então, que a expressão “intelectual de esquerda” tem sido, por muito tempo, uma tautologia. Para muitas pessoas da Direita, os intelectuais são simplesmente insuportáveis. Eles os visualizam sentados em espreguiçadeiras, é claro, e os vê como “tipos hipócritas” que sodomizam moscas, dividem o cabelo e publicam livros, invariavelmente descritos como “indigestos” e “chatos”.

Essa idéia pode ser encontrada em diferentes backgrounds. Para os libertários, os intelectuais são inevitavelmente “desconectados da realidade”. Para os ativistas, intelectuais tergiversam enquanto estamos diante de um “estado de emergência”, exigindo ação.

Já ouvi coisas como esta a minha vida inteira. De fato, há um lado positivo nesta atitude. Direitistas mostram uma preocupação real para fatos concretos, uma verdadeira desconfiança de abstrações inúteis ou intelecto puro, um desejo de afirmar a primazia da alma sobre o espírito, do orgânico sobre a “secura” teórico, a esperança (sempre desiludida) para voltar a uma vida mais simples, etc.

O Fim do Mundo Presente

O  Mundo Moderno, a Modernidade é cada vez mais relutante no esforço de tornar o Mundo presente. Assim ele vai relaxando e aqui começa a Pós-Modernidade. A Pós-Modernidade é a recusa de tentar tornar o Mundo algo presente, a recusa de Ser-no-Mundo. O filósofo alemão Eugen Fink dedicou ao problema do Mundo obras filosóficas fenomenológicas muito importantes. Segundo ele, o Mundo não pose ser equiparado à soma das coisas do mundo. Ele é algo mais do que elas porque ele é a Totalidade. A intuição da Totalidade é o esforço existencial que cria o Mundo enquanto Totalidade. Apenas seres humanos conhecem o Mundo precisamente porque apenas seres humanos o criam pelo fato de serem humanos.

A Quarta Teoria Política e a "Outra Europa"

Em seu livro Carl Schmitt, Leo Strauss e O Conceito do Político Heinrich Meier assinalou que o mundo está tratando de deixar de identificar a diferença entre amigo ou inimigo. Schmitt mostra claramente ao mundo a inevitabilidade do "bem" com o fim de intensificar a "consciência de uma situação de emergência" e voltar a despertar a capacidade que se manifesta quando "o inimigo se revela a si mesmo com particular clareza". De fato, hoje podemos identificar sem deixar lugar para dúvidas o nosso inimigo. O inimigo ideológico (e ontológico) é o liberal, o partidário da teoria política que derrotou às duas ideologias do século XX, o comunismo e o fascismo/nacional-socialismo. Hoje nos enfrentamos com o resultado da vitória. Ao dizer "nós" não me refiro a alguma entidade política abstrata, mais exatamente me refiro aos representantes da tradição geopolítica da Eurásia ou dos enfoques da geopolítica telurocrática (portanto, os inimigos estão determinados por sua participação na geopolítica talassocrática). Comentando a obra fundamental O Conceito do Político, Leo Strauss assinala que apesar de toda a crítica radical do liberalismo contida nela, Schmitt não segue até o fim, já que sua crítica se desenvolve e se mantém dentro do alcance do liberalismo.

Modernidade e Eternidade e Tradicionalistas sem Tradição - Palestra de Aleksandr Dugin para o Encontro Nacional Evoliano de Curitiba

A primeira parte está dedicada ao tradicionalismo e à sociologia, e também à importância de Platão. 

 
O tradicionalismo insiste sobre o dualismo que existe entre dois mundos: o mundo da Tradição e o mundo moderno. Este dualismo corresponde a duas categorias sociológicas: pré-modernidade e modernidade. Este paralelismo entre o tradicionalismo e a sociologia é muito importante e é necessário desenvolver esta afinidade no futuro. 
 
Em Paris, no ano de 2011 eu realizei uma palestra sob o título: “René Guénon como sociólogo”. René Guénon em sua obra “O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos” usava o símbolo tradicional e sagrado do Ovo do Mundo. Na visão de Guénon o mundo pré-moderno corresponde ao Ovo do Mundo aberto por cima e fechado por baixo. Os raios espirituais entram no mundo e assim as coisas cósmicas e materiais recebem as qualidades sagradas. 

A Concepção Sagrada dos Espaços

Nós definimos o tema que escolhemos para a nossa discussão, "a concepção do espaço sagrado." Como você bem sabe, a escola de pensamento do tradicionalismo integrante baseia-se sobre um determinado assunto: os conceitos polares opostos subjacentes à abordagem dialética da realidade humana são dois simetricamente opostos - Tradição e Modernidade. Por Tradição compreendemos de modo geral a abordagem do "sagrado" ao real, uma leitura simbólica da mesma que, trabalhando com o que Carl Schmitt chamou de "catolicismo romano e forma política" princípio da representação, consideraremos o plano como um reflexo do mundo imanente transcendente, como expresso sistematicamente pela filosofia platônica. É um erro, porém definir o conservadorismo como um ramo da filosofia derivada do idealismo platônico porque, em sua visão ortodoxa, é considerada a ciência que estuda a manifestação do Uno pré-existente imanente - uma revelação eterna - e as estradas a fim de acessar sua experiência direta. A abordagem tradicional também pode ser definida cosmologicamente. A modernidade é a ruptura drástica com a concepção de existência simbólica e espiritual: a chave para o que não é mais cosmológico, como é na concepção tradicional, e sim mecânico. Se o pensamento tradicional é generalizante, representante, universalizante e essencialmente metafísico, o pensamento moderno, como seu oposto radical, manifesta-se como fragmentado, mecanicista e potencialmente niilista. Digo "basicamente" niilista porque, no desenrolar do fenômeno moderno, não esgota as possibilidades (ou pelo menos, não tivemos a oportunidade de conhecer este evento), mas aprofunda-se, expandindo sua influência e aumentando o grau de entropia que contém, provando ser o tempo da grande confusão prevista por René Guénon. Mais do que um sociólogo, incluindo Jedlowsky, advertiu-nos o fato de que a suposta pós-modernidade não é outra coisa senão o fenômeno moderno que é o apenas aparentemente negar a si mesmo, ele se quebra e se expande, criando uma nuvem de "modernidade diversas", e, aparentemente contrário ao contrário, de fato, todos os participantes do mesmo projeto e relativista perspectivista que, em aparente oposição ao primeiro evento universalista e racionalista da modernidade, na verdade, partes da natureza e cartesiana subjetivista. O professor Dugin, em seu discurso na conferência internacional de Moscou "Contra o mundo pós-moderno", tem bem definida a pós-modernidade como a queda da modernidade, então a expansão, a hipertrofia do princípio da quantidade que caracteriza a própria modernidade. Também o professor Dugin tem repetidamente salientou a necessidade de uma restauração da categoria filosófica do objetivismo, em oposição à natureza subjetivista da modernidade: na verdade ele não é o único que viu no universalismo marxista e no objetivismo (assim como na derrubada da manifestação idealista tripartite do Espírito) a continuação de categorias clássicas e tradicionais de pensamento. Cito neste caso o filósofo italiano Costanzo Preve que, em conjunto com Domenico Losurdo, representam a aresta de corte efectivo da Europa neomarxista. 

A Necessidade da Quarta Teoria Política

Vozes perturbantes e criticismo começaram durante o final do último século, com o nascimento de fenômenos como a globalização e o unimundialismo. Este criticismo soou não somente de oponentes externos – conservadores, Marxistas e povos indígenas –, mas começou dentre o campo da comunidade Ocidental. Pesquisadores perceberam que o moderno choque de globalização é a conseqüência do liberalismo universal, que se opõe a qualquer manifestação de distinções. O programa último do liberalismo é a aniquilação de quaisquer distinções. Por isso, o liberalismo mina não somente o fenômeno cultural, mas também o próprio organismo social. A lógica do liberalismo Ocidental contemporâneo é aquela do mercado universal desprovido de qualquer cultura que não seja aquela do processo de produção e consumo.
A experiência histórica provou que o mundo liberal Ocidental tentou forçosamente impor sua vontade sobre todos os outros. De acordo com esta idéia, todos os sistemas públicos no Mundo são variantes do sistema – liberal – Ocidental, e suas características distintas devem desaparecer antes da aproximação da conclusão desta época mundial.

Cinco Teses sobre o Significado da Vida

Já é hora de chamar as coisas pelos seus próprios nomes, sem prestar atenção à correções estilísticas ou tons excessivamente acadêmicos. Torna-se claro que, em qualquer caso, ninguém vai entender-nos ou receber-nos. Portanto não há nenhuma razão real para dar ao discurso um tom mais estilístico. Não jogamos xadrez no final da Kali-Yuga. Todos devem deixar claro para ele(a) mesmo(a), o que queremos e o que nós queremos de você pessoalmente. A pergunta é sobre o sentido da vida. Uma pergunta típica. Durante os tempos de passagem, temos de enfrentá-la sem quaisquer risos ou rodeios. Nosso objetivo tem vários níveis.

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