Dugin: Existem verdadeiros homens de esquerda que lutam contra o sistema capitalista global
Abas primárias

Existem verdadeiros homens de esquerda que lutam contra o sistema capitalista global. No Ocidente, são representados por figuras de grande destaque como Sarah Wagenknecht, Diego Fusaro, Emmanuel Todt, Giorgio Agamben, Jackson Hinkle ou Taz. Esses marxistas e socialistas veem nos globalistas e nos liberais seu principal inimigo e, na luta contra eles – como inimigo principal (!) – estão prontos para se aliar a qualquer força antiliberal, incluindo a direita. A verdadeira direita (não as marionetes do capital) está em guerra com o mesmo inimigo: a elite liberal mundial globalista, aquela que Trump apelidou de “o pântano” e, em uma frente comum, a esquerda e a direita populista estão se influenciando mutuamente, trocando conceitos e ideias, movendo-se em direção a uma frente antiliberal unida – a Frente de Libertação Global contra a Ditadura Liberal. Rumo a uma Quarta Teoria Política (para além do liberalismo, comunismo e fascismo que a política euro-moderna impõe a todos).
As esquerdas como Sanders ou Mélenchon, em uma situação crítica, quando há a possibilidade histórica de desferir um golpe mortal no capitalismo mundial, ficam do lado dos liberais e salvam seu poder.
Na história pós-soviética, os comunistas na Rússia representaram, até certo ponto, um flanco esquerdista-patriótico solidário com os antiliberais do flanco direitista-patriótico conservador, que gradualmente se tornou cada vez mais numeroso. Esse entendimento mútuo, vividamente incarnado pela figura de Aleksandr Andreyevich Prokhanov, tinha um tom camaradesco. O feroz anticonservadorismo (anti "fascismo") e o feroz anticomunismo eram características apenas dos marginalizados. Os nacional-bolcheviques, agora banidos, deveriam deveriam ter cimentado essa síntese do ponto de vista doutrinário e institucional, mas sua aliança com os liberais no início dos anos 2000 os desacreditou seriamente e minou sua credibilidade.
Já nos anos 1990, agentes de influência ocidental procuravam constantemente dividir os antiliberais russos em direita e esquerda em guerra, para continuar a governar enquanto eles se combatiam entre si. Mas isso foi geralmente evitado. Agora, a posição dos liberais é mais fraca do que nunca, e uma vitória política final sobre eles – mesmo no Ocidente – está se tornando possível. Nessas condições, os liberais retomaram com vigor renovado a divisão entre a esquerda antiliberal e a direita antiliberal; mas, como desta vez a principal ameaça à ditadura liberal vem da direita e não da esquerda, os liberais apostam na esquerda, envolvendo-a no trotskismo e no liberalismo de esquerda e contrapondo-a aos populistas de direita, conservadores e tradicionalistas que estão fortalecendo significativamente suas posições. Isso é claramente visível na França e na Alemanha, assim como nos Estados Unidos, onde os liberais que dominam o Partido Democrata utilizam seu flanco esquerdista-trotskista a seu favor. Paradoxalmente, os trotskistas também estão entre os republicanos – são o núcleo ideológico dos neocons.
Esse processo também afetou a Rússia, onde um grupo de representantes dos serviços secretos ocidentais, fingindo ser “de esquerda” e representantes do movimento de esquerda global, está tentando de todas as formas reacender a discórdia política entre patriotas de direita e de esquerda; isso no meio da guerra de nosso povo santo contra o Ocidente, liderado por liberais e globalistas. Já enfrentamos essas provocações no passado. Vamos enfrentá-las também agora. Chegou o momento de retornar à ideia da unidade dos patriotas russos, que é o testamento político de minha filha.
Tradução: Raphael Machado