SELVAGERIA OU CIVILIZAÇÃO? O ENCONTRO DO EUROPEU COM OS POVOS INDÍGENAS
O indígena aqui se desenvolvia e vivia a seu modo, não sucumbindo às adversidades que se apresentavam. O indígena era portador de uma adaptabilidade que povos tidos como desenvolvidos não obtinham. Ainda dentro deste contexto, podemos analisar como o indígena se relacionava com as espécies que se encontravam no mesmo ambiente. Freyre (1966) elucida muito bem a questão, nos apresentando uma intimidade interessante, quase “lírica”, na qual os animais não se encontram ali para fins de servir-lhes como alimento ou energia para o trabalho doméstico e agrícola, muito menos para fins ritualísticos. Conforme aborda:
Teodoro Sampaio, que pelo estudo da língua tupi tanto chegou a desvendar da vida íntima dos indígenas do Brasil, afirma que em torno à habitação selvagem e ‘invadindo-a mesmo com a máxima familiaridade, desenvolvia- se todo um mundo de animais domesticados, a que chamavam mimbadá. Mas eram todos animais antes de convívio e de estimação do que de uso ou serviço: ‘Aves de formosa plumagem, como o guará, a arara, o Canindé, o tucano, grande número de perdizes (ianhambi ou iambu), urus e patos (ipeca), animais como macaco, o quati, a irara, o veado, o gato (pichana) e até cobras mansas se encontravam no mais íntimo convívio’.