O termo “Estado Profundo” foi popularizado nos últimos como um termo para designar as estruturas burocráticas permanentes que dirigiriam a coisa pública de forma independente da alternância eleitoral. Mas tem faltado uma análise mais rigorosa desse conceito.
A nova doutrina nuclear da Rússia aponta para a viabilidade de uso de armas nucleares contra países inimigos diante de situações como a invasão de Kursk.
Estamos muito próximos do ponto de não retorno para o liberalismo, não só na Rússia, mas também no mundo inteiro. Sem uma catástrofe, as elites liberais não serão mais capazes de manter seu poder sobre a humanidade. O fracasso de Biden no recente debate com Trump é um sintoma muito significativo. O mesmo vale para os sucessos dos populistas de direita na Europa, onde Orban está se tornando uma figura simbólica importante.
Ao dialogar com um estadunidense, Tucker Carlson, o filósofo russo Aleksandr Dugin teve que ter o cuidado de explicar para ele um entendimento específico do liberalismo que pode ser, inicialmente, de difícil acesso para o público norte-americano. Essas especificidades conceituais dos povos devem ser investigadas.
Recentemente, o filósofo Aleksandr Dugin foi entrevistado pelo jornalista estadunidense Tucker Carlson, em que o russo pode comentar sobre as raízes liberais do wokismo, bem como sobre a ponte entre esses elementos e o transumanismo.
Usualmente entende-se o liberalismo nos termos de uma doutrina ou práxis econômica, perdendo-se de vista não apenas a sua amplitude como a sua profundidade. Nos últimos anos, o único pensador universal que conseguiu apresentar uma visão geral do liberalismo, inclusive demonstrando como o liberalismo confunde-se com a própria modernidade, foi o filósofo Alexander Dugin. Aqui apresentamos os elementos gerais da crítica duginiana do liberalismo.
A XV Cúpula do BRICS tomou uma decisão histórica de admitir mais seis países na organização: Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Isso efetivamente completou a formação do núcleo de um mundo multipolar.
A história da filosofia e a história da política produzem estritamente um e o mesmo padrão. Isso é extremamente importante. Existe uma homologia precisa entre eles. Se a filosofia se move em uma direção, a política não pode se mover em outra direção. A política caminha junto com a filosofia. Se algo mudou na filosofia, algo mudará na política. Se algo mudou na política, algo mudou na filosofia, o que predeterminou essa mudança na política. A política não tem autonomia da filosofia. A política costuma ser mais visível, embora às vezes menos. Do ponto de vista da história … as mudanças de dinastias, de um certo líder, príncipe, imperador … para começar uma guerra … isso é evidente, é uma decisão política, mas nunca é distinta da filosofia. É o que vemos – a decisão política – mas não vemos a decisão filosófica, que deve estar aí. Do ponto de vista da filosofia da política, a história política é uma seção da história da filosofia, dependendo absolutamente dessa história filosófica. Nenhum político está livre da filosofia e nenhum filósofo pode deixar de ser visto à luz de sua dimensão política implícita.
Quando reconhecemos em nós mesmos um desacordo cada vez mais cego com tal estado de coisas, corremos automaticamente para o passado, para aquele tempo em que o mundo e o humano eram realidades fixas e bem definidas. Ficamos fascinados e inspirados por tudo: a eclesialidade, a monarquia, o sovietismo, o nacionalismo e até a democracia em sua versão modestamente realista e inicial (industrial), onde ainda havia decisão e escolha, trabalho e salários, e riscos e leis para formar valor. Mas esta não é a saída, porque se algo - mesmo algo muito bom - desapareceu, isso significa que há algum tipo de significado superior nisso...
A vinda do Anticristo, neste sentido, está acontecendo agora. Não importa se acontecerá em uma semana, um mês, 10 ou 100 anos. Ninguém sabe quando o Anticristo virá, mas ele certamente virá, porque o sentido da compreensão cristã da história – em seu penúltimo acorde – assim o afirma. E a história cristã é um conjunto de afirmações lógicas: o Paraíso, a Queda, a luta entre os justos e os pecadores pela dominação da cultura, da sociedade e da época, e depois a salvação. Trata-se de uma perspectiva da história dos significados, não dos fatos.
O Grande Despertar é a resposta espontânea das massas humanas à Grande Restauração. É claro que se pode ser cético. As elites liberais, especialmente hoje, controlam todos os principais processos civilizacionais. Eles controlam as finanças mundiais e podem fazer qualquer coisa com eles, desde a emissão ilimitada a qualquer manipulação de instrumentos e estruturas financeiras. Nas suas mãos está toda a máquina militar dos EUA e a gestão dos aliados da NATO. Biden promete reforçar a influência de Washington nesta estrutura, que quase se desintegrou nos últimos anos.
Quase todos os gigantes da Alta Tecnologia estão subordinados aos liberais – computadores, iPhones, servidores, telefones e redes sociais são estritamente controlados por alguns monopolistas que são membros do clube globalista. Isto significa que o Big Data, isto é, todo o corpo de informação sobre praticamente toda a população da Terra, tem um dono e mestre.
A vitória de Biden nos EUA deu à elite cosmopolita a melhor oportunidade possível para implementar a sua reforma do capitalismo global, o chamado “Grande Reset”. Devemos, portanto, analisar em que consiste esse projeto apresentado no Fórum de Davos pelos representantes dos setores mais radicais do capitalismo, e construir uma política de resistência ao Grande Reset.
A atitude em relação aos agricultores será sagrada. Toda a vida será adaptada de acordo com os agricultores. Tudo para os camponeses. A população será pastoralista e cultivadora. O trabalho agrícola, os grãos, as uvas, a panificação, os pães e os touros, as vacas, as ovelhas e as cabras serão elevados ao status de ideologia estatal. Vendo uma espiga de grão ou um burro, para não mencionar um agricultor ou pastor, todos os cidadãos da Platonópolis os acolherão com cânticos. À frente da humanidade estarão o Pão e o Vinho. Touros que falam com a Lua entre seus chifres servirão Pão e Vinho aos viajantes cansados.
No mundo exterior eu me tornei quase imperceptível e sem muito o que mostrar; apesar disso tudo, essa moça – no que não pode ter sido uma decisão racional – atendeu minhas preces ao acreditar em mim. Como no poema unicórnio de Rilke, das Tier, das es nicht gibt, ela cedeu espaço para algo emergir. Na sinistra escuridão da minha mina de carvão eletrônica, ela se tornou meu uno raio de luz espiritual; a criança-estrela transformando minha prisão em Avalon, onde passamos um curto verão e Natal como rei e rainha. Com ela, tudo era experimentado na trajetória entre nós, e não mais na solidão despropositada. Agora, no fim da história, o mundo inteiro, com toda sua poesia, filosofia, música, histórias, aleatoriedade, miséria e loucura, estava à nossa disposição; um local de possibilidades, sementes, no qual podíamos escolher os materiais para a construção de um novo mundo. Havia uma pureza em nossa interação transcendendo nossos entes condicionados, uma força excessiva, testemunhando nossa presença – ao longo do tempo – através de novas revelações.
Nossa tradição é essencialmente dupla: formalmente somos indo-europeus a parte “diurna” de nossa sociedade é caracterizada por uma estrutura vertical e patriarcal – mas secretamente, na parte “noturna” vive o horizonte existencial da Grande Mãe, do matriarcado, que se manifesta na sociedade pacifista e democrática. Nossa identidade como povos indo-europeus deve ser considerada essencialmente dupla. Sem o reconhecimento desse segundo nível pré-indo-europeu, não poderíamos explicar nada sobre a sequência histórica de nossa civilização, uma vez que a história européia, como a indiana e a iraniana, se baseia na luta contínua entre esses dois Logoi.
O Tradicionalismo moderno é, claro, mais adequado que a profana filosofia acadêmica e mais próspera que a Pós-modernidade. Mas todos os sinais de transformação do Tradicionalismo em uma convenção, rotina, “escolasticismo”, de seu arrefecimento consciente de qualquer movimento vivo da alma ou do coração, são gritantes. Aqui descobrimos que o Perenialismo é um construto e sempre foi. O apelo de um Tradicionalista na direção de uma Tradição existente nada decide, assim como a reverência de Platão aos deuses paternos não exauriram sua filosofia.
A relação entre um brâmane e um xátria não é, portanto, uma coisa tão fácil. Esta linha complexa e ambígua das relações brâmane-xátria é descrita com mais precisão, em minha opinião, por Guénon, que se opôs a Julius Evola. Mas Evola também deve receber crédito pela coragem puramente guerreira com a qual ele fundamentou o modelo xátrio-cêntrico, e que por sua vez enriqueceu substancialmente o tradicionalismo. Mas todos aqueles que estão diretamente relacionados com o aspecto corporal, com a área da luxúria, deveriam estar no terceiro andar. E os trabalhadores devem ter uma vantagem neste terceiro andar: senhores sagrados de casas, de famílias, de fazendas, de loteamentos, de campos e de gado. Trabalhadores livres, camponeses livres - eles são a própria base da sociedade tradicional. Os guerreiros estão acima deles, e os filósofos estão acima dos guerreiros. Mas, novamente, cada "acima" é sempre diferente. Como no corpo: acima do fígado, baço e estômago está o coração e os pulmões, e acima deles está a cabeça. Tal modelo somático de pessoa forma a base de uma sociedade sagrada trifuncional.
Eu simplesmente abomino a filosofia analítica e positivismo racional, além de considerar o materialismo, individualismo e abordagem analítica da consciência como formas de doença mental.
Creio ser suficiente para compreender porque sou chamado por eles de “o mais perigoso filósofo do mundo”. E isso explica perfeitamente todos os cancelamentos, deplantações, demonizações, marginalização, caricaturas,
No platonismo, há um domínio absoluto da luz. Ela desce saindo da fonte, atinge o ponto mais baixo e mais escuro, o ponto mais distante, a terra, e depois retorna placidamente e feliz à sua origem. Não há nada que possa se opôr à luz. Em outras palavras, nada pode se envolver seriamente na batalha contra o céu, contra Deus, contra o Sol. Existem algumas forças de baixo, da terra, que tentam nos manter aqui, impedindo nossa morte, impedindo o “retorno”, mas na concepção platônica elas adquirem uma importância secundária e podem ser facilmente conquistadas recorrendo à tradição ascética, seguindo a disciplina, as ordens, integrando-se na sociedade heroica, abraçando a παιδεία (paidéia), o caminho educacional da Grécia antiga que nos ensina como “retornar”. O sistema educacional na sociedade platônica não consiste apenas na obediência formal, mas na aceitação interna da ordem e no seguimento da tradição, tornar-se homens e mulheres indo-europeus em todos os aspectos, para poder percorrer o caminho vertical do “retorno”. Nesta concepção, não há lugar para o conceito de mal. Como afirmam os platonistas, o mal corresponde a uma condição de diminuição do bem; não existe mal em si mesmo. Se o bem é a origem, o sol, o céu, Deus, o mal é a distância em relação ao bem e corresponde a uma espécie de teste para a alma, uma experiência que tenta colocar obstáculos em nosso caminho para o “retorno” a nós mesmos.
O que estamos discutindo agora não é algo abstrato. Por exemplo, ao escrever e publicar o volume da Noomaquia dedicado ao Logos norte-americano, segui precisamente o caminho do etnocentrismo comedido. Você pode imaginar qual é o meu relacionamento com a cultura norte-americana: eu simplesmente a odeio. Lidar com isso foi um verdadeiro desafio para mim. Se eu tivesse escrito uma crítica ao imperialismo americano do ponto de vista russo, o resultado teria sido caricatural, teria escapado da esfera da Noomaquia e não teria alcançado uma descrição do Logos norte-americano. Em vez disso, cavando nas profundezas do Logos norte-americano, descobri coisas completamente diferentes, totalmente estranhas para mim, e comecei a entender. Eu não o aprovo, mas agora eu entendo ele, e eu entendo de onde vem a mentalidade e o comportamento daquele povo: em seu titanismo, em sua criação de uma civilização artificial pós-tradicional, na sua tentativa de construir uma espécie de sociedade americana em escala global, essas são consequências do seu Logos, que se baseia no universalismo desde o início. Repito, não aprovo tudo isso, mas isso é perfeitamente lógico. Existe um mundo americano, e há um Logos do mundo americano que identifiquei na filosofia pragmática – uma filosofia muito particular, muito diferente da filosofia européia, baseada na inexistência do objeto e do sujeito, uma filosofia muito interessante – a partir do qual logicamente tudo se segue.
O Logos de Cibele é a idéia de que a Grande Mãe cria e mata tudo. Não é a eternidade (Apolo) ou o ciclo (Dioniso), mas algo que age à sua maneira, com poder cego e absoluto. Uma forma de progresso: crescimento de baixo para cima. Na ótica apolínea, Cibele lidera a batalha titânica das forças ctônicas contra o céu e o reino do Logos masculino de Apolo. O Logos cibelino é a criação de um novo mundo que é titânico, ctônico e, em certo sentido, feminista, não porque haja igualdade entre homem e mulher – uma idéia muito mais dionisíaca – mas porque existe o domínio absoluto da Mãe sobre todo o resto.
O que é IA? Esta é a humanidade sem Dasein. Mas o Dasein, muitos dirão, é uma pequena perda. Não está claro o que é, está em alemão, é vago e difícil, é o que horroriza em seu próprio fim. Bem, você não ficará horrorizado, porque o seu não terá fim, e daí? Segundo Heidegger, a essência do homem está em sua limitação, em sua finitude. Bem, não haverá extremos, o bom, o bem. Não haverá Dasein, e ao diabo com ele. Não haverá existência, e bem...
A Rússia também possui vários aspectos positivos em aspectos gerais: as políticas de Putin nas últimas duas décadas para fortalecer a soberania; a existência de um poderio militar sólido; precedentes históricos, no país, de uma autarquia completa ou parcial; tradição de independência ideológica e política; forte identidade nacional e religiosa; reconhecimento popular da legitimidade do modelo centralista-paternalista de governo.
A crise global atual do COVID-19 vem derrubando diversos mitos e paradigmas centrais da globalização e do liberalismo. Nesse artigo, o filósofo russo Aleksandr Dugin analisa os principais aspectos do mundo pós-epidemia, caracterizado-o como um mundo pós-globalista. O que esperar dele?