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Crítica ao progresso no pensamento antirracista

No que diz respeito ao estudos culturais e à filosofia, Nikolai Danilevskii, Oswald Spengler, Carl Schmitt, Ernst Jünger, Martin Heidegger e Arnold Toynbee demonstraram que todos os processos na História da filosofia e história da cultura são fenômenos cíclicos. O historiador russo Lev Gumilev também o sugere em sua versão da História cíclica, a qual explicou em sua famosa teoria da passionalidade. Todos esses autores reconhecem que existe desenvolvimento, mas também existe declínio. Aqueles que apostam apenas no crescimento e desenvolvimento agem contra todas as leis da História, contra as leis sociológicas, contra a lógica mesma da vida. Tal modernização unidirecional, tal crescimento, tal desenvolvimento e tal progresso não existem. Piotr Sztompka, sociólogo polonês contemporâneo, afirma [7] que, em termos de progresso, a seguinte mudança aconteceu nas ciências humanas: no século 19, todos acerditavam que ele (o progresso) existe e isso era o principal axioma e um critério científico. Porém, se examinarmos os paradigmas do século 20 nas humanidades e ciências naturais, veremos que quase todo mundo já rejeita tal paradigma; ninguém mais é guiado por ele. Hoje em dia, o paradigma do progresso é considerado quase “anti-científico”; é incompatível com os critérios científicos contemporâneos, bem como é incompatível com os critérios do humanismo e tolerância. Qualquer ideia de progresso é ela mesma um racismo velado ou direto, que reivindica a “nossa” cultura, por exemplo, a “cultura branca” ou a cultura americana como uma cultura superior à “sua” cultura; superior, por exemplo, às culturas africanas, islâmicas, iraquianas ou afegãs. Assim que afirmamos que a cultura americana ou russa é melhor do que a cultura Chukchi ou a dos habitantes do norte do Cáucaso, nós estamos agindo como racistas. Isso é incompatível, seja com a ciência ou com o próprio respeito a diferentes etnias.

Etnos e Sociedade: Review

Há alguns meses, a editora Arktos publicou um novo livro do conhecido filósofo russo Aleksandr Dugin, intitulado Ethnos and Society. Considerando que seu trabalho mais conhecido, A Quarta Teoria Política, consiste em um manifesto político pelo retorno à Tradição, tal como a uma luta impiedosa contra a modernidade (e sua fatídica derivação ideológica reinante, o Liberalismo), Ethnos and Society representa, em contraste, uma produção sociológica do professor Dugin ou, para ser mais exato, um trabalho de pesquisa. Mas o que seria, de fato, a Etnossociologia? Enquanto a sociologia moderna parte da sociedade moderna, toma o Indivíduo burguês e o Estado-Nação como normas (na mesma medida em que as comunidades pré-modernas são tidas por “atrasadas” e “selvagens”), a Etnossociologia segue o caminho inverso: concebe a humanidade enquanto etnos (comunidade tribal) como a primeira forma de organização humana e, a partir daí, se detém sobre suas ramificações mais complexas. Quando o vienense Richard Thurnwald fundou tal disciplina no início do século 20, seu objetivo era entender melhor a história social e as diferenças entre as tribos antigas e a sociedade moderna.

Manifesto Europa Magna

A Europa é um caldeirão sem saída. O caldeirão sem saída da história. Já não é européia. Tem perdido suas raízes profundas. Para qualquer europeu com consciência histórica clara, nosso tempo é um grande desastre. Assim, necessitamos identificar a essência de sua enfermidade, aprofundar-nos em suas fontes e propor a saída.

A Europa está baseada no aberto domínio da democracia liberal em sua forma mais radical e intolerante. O liberalismo de origem anglo-saxã é imposto à sociedade européia de maneira totalitária. Você está obrigado a ser livre, mas só à maneira liberal Pode optar por ser liberal de esquerda, liberal de direita e, em algum momento, de extrema esquerda – no extremo oposto da extrema direita liberal (liberal, não obstante).

A economia de livre mercado, o papel dominante da elite financeira internacional, o individualismo anti-social mais radical, o credo cego no progressismo técnico, a política de gênero e a forma mais absoluta de secularismo são considerados axiomas absolutos para a classe dominante, que os fixa através do poder político, do sistema educativo, do controle sobre os recursos informativos e dos meios de comunicação de massas, como este, do sistema normativo.

O Holismo Político – O Conceito de Sistema da Quarta Teoria Política

A QTP se baseia no conceito de holos, que também é um termo grego e significa “o todo”. Este todo, porém, é uma síntese entre os dois polos combatentes, o indivíduo de um lado e o coletivo de outro. O conceito de holos é, assim, o modelo primitivo de organização política, é o modelo de um uni-verso, em que a unidade e a diversidade constituem dois aspectos de uma mesma realidade que, no escopo político, constitui apolis, a cidade-Estado ou organização política primitiva e originária.

Assim, o sistema político da QTP constitui um holismo.

O homem, neste sistema, não é mais considerado um indivíduo. Pois, como vimos, o indivíduo é um ser fechado em si mesmo, e o homem, pelo contrário, é um ser orgânico, cuja essência inclui o respirar, o evacuar, atividades essencialmente relacionadas com o meio “externo” ao “indivíduo”.

O Ano Novo e natureza do tempo

O Ano novo é um feriado de liberdade, é sobre o fato de que o próximo ano não será tão linear e repulsivo como o anterior. Nossa tarefa, como Pessoas, é encontrar a ponte para um Ano Novo em nós mesmos, para que possamos permitir que o novo começo se torne realidade. Nós construímos fatalidades lineares por nós mesmos, mas existem outras vias: o ponto de bifurcação, quando a linha do tempo se transforma numa cobra que captura sua própria cauda, pode ser uma ocasião para pensar sobre o que é a verdadeira liberdade, e que não é muito tarde para alterar o curso das coisas.

Para onde quer que formos, sempre iremos errar, mas isso não significa que o atual curso das coisas seja correto: continuar nele é que será um erro. Há uma ocasião para a liberdade, no Ano Novo, que é o fracasso das ideias deterministas, quando um horizonte de possibilidades se abre para nós, situado-nos noutro espaço existencial, cuja abertura se inicia em nós [antropologicamente]. O Ano Novo é uma excelente ocasião para pensar sobre isso.

Rumo à Quarta Teoria Econômica

A QTP rejeita o capitalismo em suas raízes, bem como a modernidade. Consequentemente, no campo da economia, a QTP representa um retorno ao Trabalhador integral. Em grande parte, isso corresponde ao populismo americano do final do século XIX (a União dos Agricultores e a criação do Partido Populista em 1892, sendo Frances Willard, Thomas Watson, etc., aqueles que poderíamos chamar de seus fundadores) ou o anarquismo agrícola de Proudhon, inspirado na experiência suíça.

No entanto, a restauração da figura do Trabalhador integral só é possível mediante a restauração dos dois outros tipos indo-europeus: o Sacerdote integral e o Guerreiro integral (um exemplo do guerreiro integral seria o cavaleiro).

O Holismo Político: O Conceito de Sistema da Quarta Teoria Política

Em nível internacional, os Estados-nação estão relacionados de acordo com o conceito de multipolaridade: cada Estado tem seu lugar natural no sistema do mundo, que é o uni-verso em escala macrocósmica. Há uma amizade entre Estados, uma coparticipação no universo. Isto contraria os sistemas modernos, que são por definição universalistas e unipolaristas, buscando adequar o mundo inteiro de acordo com seus sistemas abstratos e individualistas (e exemplo disto são tanto a OTAN, liberal, quanto a União Soviética, socialista).
Os Estados-nação, assim, se tornam ideologicamente vazios, tornam-se ferramentas para a defesa das comunidades étnicas. O separatismo ou o unionismo se tornam vazios de sentido em si mesmos. Separatismo e unionismo são indiferentes para a determinação e preservação dos povos, de modo autônomo. O único fator que pode alterar a balança dos povos internamente aos Estados é o interesse dos governantes destes mesmos Estados.

Transhumanismo e Pós-humanismo

Claro que a grande maioria da humanidade hoje não está pronta para se transformar em cyborgs ou mutantes. Mas ninguém pediu a opinião da maioria da humanidade. Toda a história é feita pelas elites. As massas nunca estão prontas para nada. Mas isso não significa absolutamente nada. Eles não estão prontos - eles estão sendo preparados, e ninguém nem percebe isso.

O transhumanismo é inevitável se aceitarmos a tendência principal da Era Moderna, a fé no progresso, no desenvolvimento e na melhoria da humanidade. Esta religião, ou melhor, pseudo-religião do progresso, foi introduzida na Europa e no mundo pelo Iluminismo. Esta heresia gradualmente substituiu ou empurrou para a periferia todas as formas tradicionais de religião - em primeiro lugar, o cristianismo. É impossível parar a meio caminho neste percurso de progresso. Dizendo "a", temos que dizer "b", "c", "d" e todas as outras letras do alfabeto. H+ é a última carta. Daí em diante, apenas a linguagem do computador começa.

O racismo é parte da ideologia liberal

Em primeiro lugar, as sociedades étnico-orgânicas devem ser salvas da ditadura modernista e nacionalista de tipo ocidental. O eurasianismo é precisamente isto: um Império tradicional, sagrado, religiosos e espiritual, baseado nas sociedades étnico-orgânicas tradicionais, contra o Estado-Nação burguês e contra a globalização (que é a universalização do padrão liberal em escala global). Neste primeiro nível, o nacionalismo étnico pode ser considerado como parte legítima da luta de libertação contra o imperialismo (é o caso da recente luta dos galeses e escoceses, que eu apoio totalmente).

Mais do que isso, considero legítima a vontade dos ucranianos de reafirmarem sua identidade étnica. Mas uma coisa é a afirmação da identidade e outra é criação de novos Estado nacionais burgueses, que irão necessariamente oprimir minorias étnicas. O Estado nacional (grande ou pequeno) não é solução.

A Quarta Teoria Política é uma teoria radical e revolucionária!

Se o Liberalismo é o projeto de poder da classe dominante globalista, afirmado diariamente contra o direito dos povos de forjarem os seus próprios destinos de maneira independente, a Revolução proposta pela Quarta Teoria Política afirma o contrário: a necessidade de se destruir o Liberalismo por completo, materialmente (o modo de produção capitalista) e espiritualmente (os valores liberais e burgueses de base), tendo em vista a edificação de um Novo Mundo, pautado sobre um novo paradigma: o de que os Povos são donos integrais de seus destinos históricos.

A Quarta Teoria Política é a teoria da vitória!

Depois de destruir as medidas historiais-ontológicas da modernidade (o que inclui o Liberalismo em todas a suas manifestações), a Quarta Teoria Política deseja avançar rumo a um futuro luminoso, onde cada povo, uma vez livre do jugo do globalismo e do Capital, poderá determinar os seu próprio destino histórico autenticamente e construir sua própria civilização da maneira que desejar.

O Brasil e o Mundo Multipolar

Antes de tudo, a Quarta Teoria Política é o meio mais importante de desenvolver a política em nosso tempo. Ela não depende de outras teorias políticas. Há dois livros, um em italiano e outro em espanhol, dedicados ao desenvolvimento da QTP; mas a QTP é muito mais importante do que esses livros já publicados. A ideia da QTP é exatamente o que se segue: estamos vivendo sob a Primeira Teoria Política, o liberalismo; então o mundo é baseado nessa ideologia, nesse princípio ideológico. Quando há algo algo que corresponde à principal linha dessa ideologia , então, vivemos nos modelos liberais de liberdade, progresso, política, todos moldados pela ideologia liberal. Isso é absolutamente necessário para manter o mundo dessa forma. O liberalismo é uma ideologia absolutamente totalitária.

Mas, para se aprofundar mais nesse totalitarismo liberal, precisamos expor o tipo de observação histórica a respeito dele. O que há precisamente no liberalismo é esse aspecto totalitário. É algo que se torna global,que se espalha pela globalização. Para atingir o "progresso", o liberalismo deve destruir todas as formas de identidade coletiva: sem Clero, sem Aristocracia, sem Campesinato: todos, para o liberalismo, devem se tornar burgueses. Não deve haver aristocracia, clero nem camponeses, todos devem se tornar capitalistas, burgueses capitalistas. E esse tipo de burguesia é a norma para o típico momento liberal: ideologia capitalista liberal, democracia capitalista liberal, todas as formas devem ser liberais. No século XIX, essa teoria política foi atacada por outra: a Segunda Teoria Política, o Marxismo.

Encontro com Heidegger: Um Convite à Jornada

Dentre os grandes pensadores, dois lugares podem ser colocados pra Heidegger, dependendo de como olhamos pra ele, do grau que o estudamos e em quanto acreditamos nele. Ao menos pode-se afirmar que Heidegger é o maior pensador contemporâneo, entrando na constelação dos melhores pensadores da Europa, deste os tempos pré-socráticos até a nossa época. Nesse sentido, eles o chamam de "príncipe dos filósofos". Mesmo aqueles para os quais a filosofia dele é indiferente ou aqueles que discordam dele reconhecem sua grandeza inquestionável.

Heidegger é universalmente reconhecido como um grande filósofo da história mundial. Ninguém contesta isso seriamente, mas há pessoas que calmamente seguem em frente, se apoiando em outros nichos de filosofia, enquanto outros respondem intensamente a mensagem dele, usando seus termos ("Dasein", "existencial", "Angst", etc.) e se permitindo conduzir pelos pensamentos do filósofo.

Um lugar diferente, especial e exclusivo na história da filosofia pode ser colocado para Heidegger, caso reconheçamos e confiemos plenamente nele, imergindo-nos em seu pensamento e fazendo dele nossa maior autoridade [filosófica]. Em outras palavras, Heidegger, no espaço do heideggerianismo, vai diferir essencialmente do Heidegger na posição média e convencional da história da filosofia.

Nesse caso, Heidegger será revelado não apenas como o maior filósofo, comparável a outros grandes nomes, mas como o maior dentre todos eles, ocupando o lugar de último profeta, concluindo o desenvolvimento do primeiro estágio da filosofia (de Anaximandro a Nietzsche) e servindo como transição, a ponte para uma nova filosofia, a qual ele apenas antecipa em seus trabalhos.

O Conceito Cosmoliberal de Liberdade

O cosmoliberalismo executa uma adulteração na concepção de liberdade. Como explicado pelo professor Alexandr Dugin, o conceito liberal de liberdade é essencialmente negativo, oriundo de John Stuart Mill. É sempre a liberdade "de" algo, e não "para" algo.

Além do aspecto essencialmente negativo contido na semântica liberal, há a desfiguração da liberdade como algo unicamente individual - a liberdade no singular, nunca no plural. "Eu" sou livre - "nós", não. É a liberdade para o cosmético, o minimalista e sistematicamente irrelevante: a liberdade para "escolher" a cor e o corte dos cabelos, as roupas, as companhias sexuais, a raça de cachorro, a decoração da sala de estar, o estilo musical, a ideologia, a tribo urbana, o time favorito, a religião e até mesmo o gênero e a raça (trans-racialismo). O indivíduo pode escolher suas "partes", seus dispositivos.

Política, Liberalismo e Violência: Walter Benjamin e Carl Schmitt

Entre os escritos filosóficos de Walter Benjamin, destaca-se por sua lucidez o ensaio Para uma Crítica da Violência. Gewalt, violência, em alemão também significa força, poder, autoridade; a palavra, como em seguida deixa claro o autor, indica uma causa agente moralmente conotável. Entrelaça-se com o direito e a justiça no ciclo dos fins e dos meios. Para o direito natural não se propõe o problema da utilização de meios violentos para fins justos; a delegação de direitos feia pelos indivíduos para o Estado pressupõe "que o indivíduo enquanto tal, e antes da conclusão desse contrato racional, exerce também de jure todos os poderes que tem de facto", [2] já que spinozianamente "o direito de cada um se estende até onde se estende seu determinado poder" [3]. Em contraste com a teoria jusnaturalista da violência como "fisiológica", natural, o direito positivo considera o poder historicamente dado, julgando somente o uso de seus meios. O direito natural e o direito positivo se distinguem respectivamente como critério dos fins e critérios dos meios, na medida em que se baseiam, um sobre o princípio da justiça e o outro sobre o princípio da legalidade. O único ponto de união das duas escolas é, em palavras de Benjamin, o "dogma fundamental comum: os fins justos podem ser alcançados com meios legítimos, os meios legítimos podem ser empregados para fins justos". [4] Em outras palavras, o jusnaturalismo adapta os meios aos fins justos, enquanto que a teoria positiva do direito garante o bom fim com a legitimidade dos meios, razão pela qual "se o direito positivo é cego para a incondicionalidade dos fins, o direito natural é cego para os condicionamentos dos meios" [5]; as duas perspectivas revelam uma insuficiência crítica.

Pós-Antropologia

Uma sociedade concreta (fenomênica) sempre consiste em duas partes, a superficial e a subterrânea. A parte superficial é a que normalmente chamamos "sociedade", significando uma esfera de atividade racional onde o logos (λόγος) prevalece. Este é o domínio do "diurno". A parte subterrânea é a ilha escura, subaquática, do inconsciente coletivo, a região da noite social (o "noturno"), onde o mito (μύθος) governa.

Nova Resistência

A Quarta Teoria Política é uma teoria afirmativa, radical e revolucionária. Ela afirma, afirma e afirma a possibilidade (e a necessidade!) de uma Revolução na pós-modernidade.
Se a modernidade foi politicamente caracterizada pela disputa entre três projetos de poder distintos (liberalismo, comunismo e fascismo), a pós-modernidade (ou pós-liberalismo, como denomina o professor Aleksandr Dugin) é era do domínio hegemônico do vencedor dessa disputa sobre o mundo, a saber: o Liberalismo.
Engana-se quem crê que o Liberalismo seja apenas uma doutrina econômica. No pós-liberalismo, o Liberalismo deixa de ser uma mera doutrina entre outras e passa a ser um modelo de representação social, uma moldura mental figurativa, um fato comportamental, que permeia e condiciona até mesmo o modo como às pessoas percebem e vivenciam o mundo. No pós-liberalismo, período histórico da hegemonia global unipolar, o Liberalismo deixa de ser um simples projeto de poder e passa a ser o único projeto de poder realmente existente – difundido, propagado e imposto pelo Ocidente ao resto do mundo como norma universal (de onde deriva a doutrina neocon do Fim da História).
Se o Liberalismo é o projeto de poder da classe dominante globalista, afirmado diariamente contra o direito dos povos de forjarem os seus próprios destinos de maneira independente, a Revolução proposta pela Quarta Teoria Política afirma o contrário: a necessidade de se destruir o Liberalismo por completo, materialmente (o modo de produção capitalista) e espiritualmente (os valores liberais e burgueses de base), tendo em vista a edificação de um Novo Mundo, pautado sobre um novo paradigma: o de que os Povos são donos integrais de seus destinos históricos.

O Brasil e o Mundo Multipolar

O liberalismo demonizou as outras duas teorias políticas como "totalitárias". Assim, ele tem conseguido justificar com facilidade a destruição de qualquer alternativa na forma das teorias políticas como o socialismo ou o nacionalismo. É exatamente por isso que precisamos pensar em outras alternativas, como a Quarta Teoria Política. Talvez Luis Inácio Lula da Silva seja uma alternativa ao mundo unipolar. Mas não devemos adotar a cegueira das teorias anteriores, que ainda falham em perceber aspectos essenciais da natureza liberal.

A Segunda Teoria Política e a Terceira Teoria Política repetem erros do liberalismo: o comunismo, por seu internacionalismo; o nacionalismo, por sua limitação em torno do Estado-nação. É preciso compreender os pontos principais do funcionamento liberal, e essas teorias possuem pontos positivos em relação a isso. Mas ainda falham em entender o cérebro que move a ideologia liberal. Assim, é preciso aprimorar essas alternativas.

Então, eu recomendo aos políticos brasileiros antiliberais que aprimorem suas visões. Para reagir à hegemonia liberal, é preciso compreender o aspecto global da operação dessa ideologia e como resistir a ela. Por isso mesmo, recomendo que essas figuras políticas, como as que você citou, compreendam a identidade brasileira, a agenda de sociedade civil do liberalismo e que considerem seriamente as propostas da Quarta Teoria Política. Só assim serão capazes de construir algo consistente em relação a essa ideologia política.

O Populismo Moderno

O Povo é um conceito político que está aparecendo, hoje, em oposição ao liberalismo. Os liberais estão gritando sobre uma ameaça fascista ou comunista, e são incapazes de compreender a essência do momento populista, o qual interpretam por meio de velhos clichês. É por isso que eles estão perdendo. É por isso que eles estão condenados.

No entanto, tanto a Esquerda quanto a Direita são unânimes em achar que este é apenas um momento, um período de tempo limitado, uma espécie de quantum no movimento histórico. Provavelmente, ninguém pode dizer se o Povo (e, consequentemente, o populismo) é um sistema, um programa, uma estratégia ou apenas uma correção temporária no curso da globalização liberal.

Os globalistas tiveram seu momento no início dos anos 90 - o momento unipolar. Eles arruinaram tudo o que puderam ao longo de trinta anos, transformando a globalização e o mundo unipolar numa horrenda caricatura. Os reformadores da Rússia nos anos 90 fizeram o mesmo com a democracia. Agora, um momento diferente está chegando. O Povo está aparecendo no palco da história do mundo. Esta é uma chance, um risco, uma responsabilidade e um desafio. Mas é o nosso momento. Não utilizá-lo seria um verdadeiro crime.

BRICS: Novo Ator da Geopolítica Multipolar

Os BRICS por meio deste artigo confirmam seu compromisso para com a realização de eleições democráticas em todos territórios nacionais, em que haja cumprimento de justiça por parte de leis que respeitem direitos civis, constitucionais e humanos, sendo permitido em todas as instituições o instrumento de defesa em resoluções de assuntos judiciais e condução do processo legal por meio de instituições estatais de cunho democrático e reconhecidas pela legitimidade constitucional de cada país.

Ao contrário do intervencionismo defendido por Alemanha, França e Estados Unidos, a consolidação de regimes democráticos, introdução de direitos humanos, civis e constitucionais em cada nação ou o aprimoramento destes em caso de prévia existência dos mesmos, este processo deverá ser conduzido pelas instituições nacionais, impedindo a intervenção externa por compartilhar do princípio de soberania nacional e direito de escolha do modo de gestão adequado a um determinado país de acordo com a escolha da população por meio do voto eleitoral, ou formas de representação política que adentrem em um cunho democrático.

Os BRICS contribuem ao projeto de Geopolítica multipolar quando assumem o compromisso de respeitar a autodeterminação dos povos, soberanias nacionais, diversidade dos modelos de desenvolvimento, distintas abordagens para com os direitos humanos, civis, tributário, constitucionais e internacional; estimular e indicar a não intervenção militar de nações para resoluções de problemas internos de um determinado país, salva a exceção de solicitação de ajuda militar por meio de protocolos que respeitem o Tratado de Genebra por meio da ONU ou os tribunais de Haia e Genebra, renovação nas políticas econômicas a nível internacional através de criação de alternativas ao FMI, OMC e Consenso de Washington, no intuito de oferecer outros modelos de negociações para com os países subdesenvolvidos.

Consenso de Washington: Neoliberalismo, Economia Dependente e a Globalização

Em novembro de 1989, o Fundo Monetário Internacional, protocolou o documento denominado Consenso de Washington. Este protocolo, baseado em dez recomendações, tais quais a disciplina fiscal, redução dos gastos públicos, juros de mercado, câmbio de mercado, abertura comercial, investimento estrangeiro direito, com eliminações de restrições, privatização das estatais, desregulamentação da economia e o direito à propriedade intelectual.

Estas medidas foram oferecidas pelo Estado Norte Americano em discussões de órgãos internacionais de economia. Suas discussões iniciais foram galgadas na Organização Mundial do Comércio, onde fora sugerido que estes protocolos de ações políticas fossem exigências formais para que países viessem a pedir ajuda monetária ao FMI.

A Quarta Teoria Política e o Pós-Liberalismo

De fato, aqui surge a Quarta Teoria Política. Se analisamos mais a fundo o que propomos contra essa globalização e o liberalismo, se propomos, desafortunadamente, o comunismo da segunda teoria política ou o fascismo da terceira teoria política, então não podemos propor nada mais contra o liberalismo.

Os liberais mesmos esfregam as mãos ao ver isso. Quando começamos a criticar a globalização, dizem que somos fascistas e comunistas. Quando começamos a explicar que há algo mais, dizem que não. "Está justificando o comunismo e o fascismo, vocês são só comunistas ou fascistas enrustidos! Vocês são fascistas enrustidos ou comunistas enrustidos!" Neste sistema da filosofia política da modernidade não existe o conceito de uma quarta. O significado da Quarta Teoria Política começa com essa suposição de que não existe, mas deveria existir. Ela é necessária para derrotar o liberalismo sem cair na armadilha do comunismo e do fascismo. Talvez possamos ir de novo pelo mesmo caminho e construir uma sociedade socialista e totalitária na qual haverá pouca liberdade, e cedo ou tarde virão os liberais e tudo voltará a se repetir. Podemos construir um Estado fascista em algum lugar, como se tenta na Ucrânia, até que as pessoas entendam que não há liberdade suficiente e que o racismo, o nacionalismo e o chauvinismo são repugnantes. E logo voltaremos ao mesmo liberalismo novamente.

O que acontece com a Europa?

Geopoliticamente a Europa é hoje uma entidade atlantista. A teoria geopolítica criada pelo inglês Sir H. Mackinder declara que há dois tipos de civilizações – a civilização do Mar (Seapower) e a civilização da Terra (Landpower). Ambas estão constituídas sobre sistemas de valores opostos. O Seapower é puramente mercantil, modernista e materialista. O Landpower é tradicionalista, espiritual e heroico. Esse dualismo corresponde ao par conceitual de Werner Sombart: Händlres e Helden. A sociedade europeia moderna está plenamente integrada na civilização do mar. Isso se manifesta na hegemonia estratégica norte-americana e na OTAN. 
 
Essa situação impede que a Europa se converta numa entidade geopolítica independente. Mais profundamente, perverte a natureza geopolítica da Europa como entidade continental – Landpower. 
 
Portanto, há uma necessidade de mudar a situação e restabelecer a estratégia do Landpower baseada na verdadeira soberania europeia. Em vez do atlantismo, a Europa necessita converter-se numa potência estratégica continental.

Sobre os Identitários, a Tradição e a Revolução Global

Considero que os identitários são aliados quando rechaçam a modernidade, a oligarquia global e o capitalismo liberal mortífero para as culturas étnicas e as tradições. 
 
A ordem política moderna é essencialmente global e se baseia puramente na identidade individual. É a pior ordem possível e deve ser totalmente destruída. 
 
Quando os identitários militam por uma reafirmação da Tradição e das antigas culturas dos povos europeus, têm razão. Mas quando atacam os imigrantes, os muçulmanos, os nacionalistas doutros países (baseado em conflitos históricos), quando defendem os EUA, o atlantismo, o liberalismo ou a modernidade, quando consideram a raça branca (a que criou a modernidade) como a raça superior e afirmam que outras raças são inferiores, estou em total desacordo com eles. 
 
Mais do que isso, não posso defender brancos contra não-brancos apenas por ser branco e indo-europeu. Reconheço a diferença de outros grupos étnicos como uma coisa natural e rechaço qualquer hierarquia entre os povos, dado que não existe, e não pode existir, uma medida universal para a comparação das sociedades étnicas e os sistemas de valores. 

Do Paradigma Moderno e do Tradicional, e da Linguagem

A tecnologia moderna depende dos sistemas da ciência, a ciência depende da filosofia, isto é, da visão-de-mundo filosófica expressa em conceitos abstratos. E esta visão-de-mundo, por sua vez, de um paradigma linguístico. As ideologias, em geral, inclusive a Quarta Teoria Política, participam da tecnologia, da ciência e da visão-de-mundo, dependendo do nível de profundidade e influência em que elas estão enraizadas. Nenhuma ideologia, contudo, alcança o patamar subjacente e universal da linguagem – todas as ideologias estão presas a um paradigma linguístico que é, atualmente, o “aristotélico”, inclusive a Quarta Teoria Política.
 
Entretanto, o objetivo da QTP é peculiar, e apresenta uma grande influência heideggeriana neste ponto: é acenar, desde dentro do paradigma moderno e aristotélico, para um outro paradigma, esquecido. O fato da filosofia guenoniana ser usada como o paradigma anti-moderno, ao qual a QTP aponta, é mais simbólico do que exato e analítico. Guénon expressou-se, obviamente, em terminologia moderna, negando-a porém; portanto, seu paradigma não se reduz aos seus conceitos modernos, ele os ultrapassa e busca uma simplicidade primordial sobre a qual Heidegger discursa quando se inclina a encontrar outro sentido, ontológico e não conceitual, para o termo “linguagem”. A linguagem nos mostra o mundo, é uma invocação mística, e acontece sem palavras: a flor que desabrocha nos fala o ser; um filósofo moderno pode rabiscar muitos conceitos e não nos dizer nada ainda assim, uma vez que seus conceitos não passam de abstrações e manipulação lógica.

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