Jean Thiriart e a Rússia: o território livre da Europa

O ano de 2022 marcará o centenário do nascimento e o 30º aniversário da morte de Jean Thiriart (1922-1992), um “geopolítico militante” de que a revista Eurasia tratou em diversas ocasiões, colocando à disposição do público italiano numerosos artigos publicados por ele em reportagens jornalísticas, que agora são praticamente impossíveis de se encontrar.

A Doutrina Tradicional dos Elementos (Lição II): Continuidade e Descontinuidade dos Elementos

A  relação entre continuidade e descontinuidade
O problema central da filosofia da ciência é a relação entre continuidade e descontinuidade. É possível solucionar esse problema da relação justa entre continuidade e descontinuidade se conseguirmos situar ambas em suas posições corretas do ponto de vista da aletologia. Com isso, poderíamos resolver muitos problemas filosóficos, linguísticos e científicos.

O Populismo e a Superação da Divisão Direita-Esquerda - Alain de Benoist

 
Falarei rapidamente sobre o fenômeno populista. Durante os últimos 10 a 20 anos vimos como em diferentes países europeus, e mesmo fora da Europa, um novo fenômeno tem se desenvolvido, que temos chamado de populismo. Um rótulo bastante polêmico e pejorativo, mas uma categoria totalmente válida do ponto de vista da ciência política.

Contra a Pseudo-Religião do Petróleo e do Gás e o Capitalismo Verde

E por que estamos felizes com este aumento no preço do gás? Claro, é patriótico e nobre estar do lado de seu país. Mas o país – suas autoridades e elites – deve ter um significado, deve haver uma ideia, uma ética e uma estética, deve haver a Verdade. Um país de petróleo ou gás com petrodólares e rublos de gás – com as faces cinzentas dos funcionários da Gazprom como um exemplo do que significa “a vida é boa” – isto não é muito atraente. É até mesmo humilhante. É maravilhoso quando nos alegramos na cruz, na vitória, no trabalho engenhoso, com famílias felizes e sangue sadio e leite para as crianças. Mas o assobio do ar sulfúrico no gasoduto, que será queimado e jogado na atmosfera por cidadãos europeus e migrantes – não, não pode ser objeto de orgulho nacional. Não deve ser.

A Nova Doutrina de Putin

Putin sempre foi muito pragmático e realista, e por isso se manteve o mais distante possível de qualquer tipo de conflito ideológico. Seu governo tem se caracterizado pela ausência de diretrizes claras e, em vez disso, tem se distanciado deste tipo de discussão. Na verdade, a pura ambiguidade da Rússia Unida tem muito a ver com este tipo de distanciamento, pois as ideias foram substituídas por buracos negros.

Quando a Sexta Coluna Russa será Destruída?

Vocês provavelmente já notaram que na Rússia a campanha contra a quinta coluna liberal está gradualmente ganhando força. Isto está relacionado com a consolidação do status de agentes estrangeiros para vários veículos de mídia e figuras individuais. Cada vez mais, as autoridades estão recorrendo a uma classificação completamente justificada de uma série de grupos liberais e pró-ocidentais que estão agindo ativamente a fim de desestabilizar a sociedade como extremismo. O que durante décadas se safou com Navalny, Roman Dobrokhotov e outras figuras radicais anti-Estado está finalmente começando a se qualificar adequadamente. Como crime. Trabalhar para o colapso de seu país no interesse das potências inimigas é, naturalmente, um crime. Em todos os sentidos. E deve ser seguido de punição.

As alianças anti-globalistas de direita-esquerda são os grandes oponentes do liberalismo 2.0

Aproxima-se o momento da substituição definitiva do indivíduo pela entidade de gênero opcional, uma espécie de identidade em rede. E a etapa final será substituir a humanidade por seres assustadores: máquinas, quimeras, robôs, inteligência artificial e outras espécies de engenharia genética. A linha divisória entre o que ainda é humano e o que já é pós-humano é o principal problema da mudança de paradigma do liberalismo 1.0 para o liberalismo 2.0. Trump foi um individualista humano que defendeu o individualismo no velho estilo do contexto humano. Talvez tenha sido o último de sua espécie. Biden é um representante da chegada da pós-humanidade.

A democracia não precisa de partidos políticos

O problema de celebrar eleições democráticas na Rússia onde a ideia de democracia representativa e, especialmente, a democracia representativa baseada em partidos políticos, é que ela é completamente alheia à cultura e à tradição política russa. Por outro lado, a democracia direta do zemstvo¹, ou seja, a eleição dos chefes das aldeias e, antes do cisma, dos párocos, têm uma longa trajetória na Rússia. Durante os períodos mais conturbados – como no final da Época da Instabilidade² – foi o povo quem elegeu o tzar e fundou uma nova dinastia. E antes disso, o povo havia tomado a decisão de criar milícias populares, especialmente com a formação do segundo exército popular, o qual salvou o país. Não obstante, os russos jamais criaram partidos políticos e só elegeram pessoas que consideravam como amigos nas quais confiavam. Então, eles elegiam pessoas em particular e não grupos. A tradição russa baseava-se nas relações pessoais, e são esses personagens que fazem política. O povo deseja compreender, conhecer e confiar em pessoas particulares, ainda que seja para odiá-las, depreciá-las e castigá-las.De todos os modos, sempre se trata de seres humanos particulares, já que nossa concepção de mundo é profundamente humana. O mesmo acontece com a política.

O Google deve ser destruído

Hoje vamos falar sobre o Google. Estamos na véspera de um evento muito importante: a ação judicial do canal de TV Tsargrad contra o Google por remover seu canal do YouTube parece ter um resultado positivo. Um tribunal russo confirmou as reivindicações do Tsargrad contra a empresa. Enquanto isso, o governo emitiu uma série de decretos ordenando que os meios de comunicação estrangeiros devem cumprir a lei russa ao conduzir suas atividades dentro de nosso país. Portanto, se o Google continuar a operar na Rússia, isso significa que será controlado pelo Estado. Isto não só significa que o Google terá que restaurar a conta do canal Tsargrad com um milhão de assinantes e compensar os danos materiais causados, mas também restaurar meu canal educacional, assim como as contas de Katehon, Geopolitica.ru e todos aqueles canais que os globalistas, encorajados pelo fato de desfrutarem de total impunidade, fecham sem aviso prévio.

Francis Fukuyama admitiu: A Unipolaridade entrou em Colapso

Fukuyama no início dos anos 90 estava claramente com pressa para declarar a vitória mundial do liberalismo e o fim da história. Mais tarde, ele corrigiu sua posição. Em algumas conversas pessoais com ele, fiquei convencido de que ele compreende muitos processos mundiais de forma bastante realista e é capaz de admitir erros em suas previsões – uma característica rara entre os cientistas políticos narcisistas que cometem erros todos os dias e isso só os torna ainda mais arrogantes.

Nós Vamos Curá-lo com Veneno (Ensaio sobre a Serpente)

A tradição é uma antítese ao cartesianismo. Lógica formal - foi aí que a Estrela da Manhã começou a subversão de nosso mundo majestoso e sacro. Tal lógica nos leva a procurar uma alternativa para a serpente. Se a serpente é má, então a não serpente é boa. Mas isto é uma armadilha: o pensamento categórico é antiontológico, ele opera com abstrações racionais. Nenhum não serpente é capaz de derrotar a serpente. Podemos colocar isto de outra forma: Somente uma serpente pode enfrentar outra serpente. Basta lembrar: "Sê sábio como a serpente" (Mateus, 10:16). A serpente de cobre, cuja imagem foi erguida no deserto por Moisés, é considerada como um protótipo do Redentor. A serpente sobre uma cruz decora os templos ortodoxos. A serpente enfrenta a serpente - corpo flexível, sem sangue contra seu duplo escuro. A serpente é um símbolo tanto do princípio masculino quanto do princípio feminino. Uma antiga lenda diz que Alexandre, o Grande, nasceu de uma serpente. E na tradição chinesa um dragão amarelo é considerado como um símbolo do Logos celestial.

O Sujeito Radical de Aleksandr Dugin

Mito grego e pós-nietzscheanismo, imagens órficas e literatura russa, visões apocalípticas, Hegel, hiperbóreos, Aristóteles, Ortodoxia, Niccolò Cusano, Massimo Cacciari, Evola, xamanismo pré-socrático, alquimia, Heidegger e muito mais numa visão de humanidade única e orgânica e, ao mesmo tempo, projetada para um futuro próximo. Como isso é possível? Como podemos manter juntos espaços tão vastos de pensamento, mito e meditação? Como podemos voltar a uma filosofia do Homem e do Cosmos após a "morte da filosofia" pós-Heidegger e a sua desarticulação em mil riachos paracientíficos e setorizados: filosofia da ciência, filosofia da linguagem, filosofia sociológica e assim por diante? Com Aleksander Dugin estamos testemunhando este prodígio histórico sem precedentes: o retorno da grande filosofia, ou seja, da filosofia em seu coração mais universal, cósmico e perene: filosofia como pensamento sobre a totalidade, sobre a origem e como meditação supratemporal.

Adeus, Angela Merkel!

Putin sempre teve uma certa simpatia pela Alemanha. Esta é sua experiência pessoal, seu conhecimento do país e do idioma, e sua orientação geopolítica para a construção de uma Grande Europa – de Vladivostok a Dublin – onde a Alemanha é objetivamente chamada a desempenhar o papel principal. A Alemanha é o coração da economia soberana da Europa, assim como a França no mundo do pós-guerra – especialmente sob De Gaulle – tem sido tradicionalmente o coração da política soberana. A aliança franco-alemã tornou-se a base para uma Europa unida. Inicialmente, isso foi planejado de forma muito diferente do que acabou sendo: ela a Europa deveria se tornar um polo independente de um mundo multipolar, independente de nós (Rússia, ed.) e dos Estados Unidos, mantendo ao mesmo tempo laços amigáveis com ambos. Durante os

A Doutrina Tradicional dos Elementos (Lição I): A Restauração dos Fundamentos Filosóficos da Ciência

A ideia geral do Clube dos Elementos era de retornar a um momento em que os erros mais graves foram cometidos no desenvolvimento da ciência moderna ocidental. A aplicação dos princípiosdo tradicionalismo, identificados e desenvolvidos por Guénon e Evola. Mas ir além. Continuar seu trabalho, não concentrando apenas na crítica evidente da modernidade, mas tentar retornar à situação intelectual, filosófica e científica que correspondia a uma normalidade intelectual e cultural. Não apenas criticar o que há hoje, mas tentar fazer algo de mais concreto. 

Afeganistão: uma linha do tempo geopolítica

O Afeganistão, ao longo das últimas décadas, tem sido um espelho bastante claro das vicissitudes da geopolítica mundial. Se nos anos 80 a saída das tropas soviéticas do Afeganistão foi uma imagem do declínio da ordem bipolar e o surgimento de uma nova ordem unipolar centrada nos EUA, a atual saída das tropas estadunidenses desse país representa o naufrágio da ordem unipolar e o iminente surgimento de um novo cenário.

O Ecossistema da Guerra Híbrida: A Rússia sob Ataque

Há um ano, em agosto de 2020, o Departamento de Estado dos EUA publicou um relatório especial intitulado “Colunas de Desinformação Russa e o Ecossistema da Propaganda”. O relatório “revelou” a mídia russa e sites individuais, desde a sólida RT até os meus modestos (especialmente recursos filosóficos como geopolitica.ru e contas pessoais nas redes sociais), que foram acusados de tentar espalhar a influência russa pelo mundo, substituindo e limitando a influência das estruturas de informação global ocidental.

Compreendendo a “vida nua”

A sobrevivência é o conceito mais importante para Spinoza. Para ele, sobreviver está associado à duração e vida, como a habilidade de preservar a própria identidade por um dado período; habilidade = força. Para Deleuze, ecoando Nietzsche, força = vida; sobreviver é persistir em durabilidade, perseverar. A vontade de durar. O sobrevivencialismo é um estilo de vida focado em uma única missão – sobreviver, que quer dizer, vida pela própria vida, força pela própria força.

A Soberania Ideológica em um Mundo Multipolar

No mundo moderno, um modelo multipolar está claramente tomando forma – quase tomando forma. Ele substituiu a unipolaridade que foi estabelecida após o colapso do Pacto de Varsóvia e especialmente da URSS. O mundo unipolar, por sua vez, substituiu o bipolar, no qual o campo soviético se opunha geopoliticamente e ideologicamente ao Ocidente capitalista. Estas transições entre os diferentes tipos de ordem mundial não aconteceram da noite para o dia. Alguns aspectos mudaram, mas outros permaneceram os mesmos por inércia.

O paradigma da política russa: Realismo contra Liberalismo

Primeiro, vamos analisar a cartografia primária do espaço político russo. Para uma ciência política correta, o mapeamento semântico tem que estar acima de tudo. Todos os processos se dando na política russa, em geral, são vistas de forma muito aproximada. Os detalhes se diferem em contraste, mas a imagem do todo está completamente borrada. Eleições, indicações, casos criminais, escândalos de corrupção, o confronto entre grupos de poder, ataques e contra-ataques da oposição liberal ofuscam a imagem do todo com seu ritmo.

O que Aleksandr Dugin, o “Filósofo Mais Perigoso do Mundo”, realmente pensa do Ocidente?

Na minha opinião, a América não é um ethnos. A América não é um povo. A América não é uma nação. Desde o início, foi uma espécie de sociedade civil baseada na identidade individualista. Tudo foi criado em torno desta norma individualista. É a base da Constituição, da Revolução Americana; não foi uma continuação da história europeia feita pelo ethnos, pelos povos, pelas religiões, pelas nações. Foi algo criado a partir do ponto zero. Uma espécie de sociedade do futuro criada artificialmente, baseada em um princípio que excluía qualquer tipo de identidade coletiva. Mas, como os americanos eram e ainda são humanos, não se podia perceber isto [visão pós-humana] totalmente. Vocês ainda tinham alguns laços com o Outro. Portanto, vocês tinham um simulacro de comunidade, de identidade nacional. Mas o elemento individualista na própria fundação da sociedade americana foi a força que erodiu mais e mais estes princípios, até seu ponto mais extremo hoje. Penso que amanhã falar sobre alguma identidade americana comum será considerado como um discurso de ódio! Já é um crime contra o politicamente correto.

Geopolítica da Perestroika e o Colapso da URSS

Até 1985, a atitude da URSS em relação à conexão com o Ocidente era geralmente bastante cética. Somente no período de regra de Yuri Andropov mudou um pouco a situação e, de acordo com suas instruções, um grupo de cientistas soviéticos e institutos acadêmicos foi encarregado de cooperar ativamente com as estruturas globalistas (o Clube de Roma, o CFR, a Comissão Trilateral, etc.). Em geral, os principais objetivos de política externa da URSS permaneceram inalterados durante todo o trecho desde Stálin até Chernenko.

O Império como Forma Mais Completa de Organização Político-Social

A editora Letras Inquietas acaba de publicar Imperium, Eurasia, Hispanidad y Tradición, uma obra coletiva com a participação de Carlos X. Blanco, Eduard Alcántara e Robert Steuckers. Os ensaios que compõem o livro buscam na Tradição, na História e no presente, aqueles elementos conceituais necessários para uma Teoria do Império que rejeita o atual modelo absorvente, predatório e “imperialista”. Nesta ocasião, EL CORREO DE ESPAÑA conversa com Eduard Alcántara, filósofo e especialista em pensamento tradicionalista.

Takashi Miike: Anatomia do Japão Moderno

O Arquétipo Mishima na cultura japonesa do pós-guerra foi o mais alto exemplo da dialética sutil, na qual a peculiar combinação do liberalismo modernista embutido com uma série de aspectos matriarcais do xintoísmo se tornou nitidamente aparente. Assim, foi construída uma nova cultura japonesa, na qual tudo o que era propriamente japonês, relacionado à autêntica identidade japonesa, foi proibido, pervertido ou substituído. Esta cultura, que deu gerou brilhantes nomes na literatura, cinema, música, etc., foi baseada na rápida degradação do espírito tradicional japonês, na profunda desintegração do Logos celestial, dissipando-se entropicamente em partículas infinitamente pequenas. Era uma cultura em decadência, que fascinou o Ocidente em grande parte por seu exotismo, rapidez e originalidade. Os intelectuais japoneses do pós-guerra, que decidiram "esperar um pouco mais...", tornaram tudo isso ainda mais doloroso e perverso.

Nota sobre a Quarta Teoria Política e a dimensão cultural dos povos

A Quarta Teoria Política é uma metateoria que, por um lado, critica as ideologias nascidas na modernidade, e, por outro, dá apoio ao desenvolvimento de fundamentos que permitam o surgimento de organizações sócio-políticas que sejam a expressão da dimensão cultural de cada um dos povos que existem. Nesse sentido, não há incompatibilidade alguma entre a QTP e a Autocracia Cristã Ortodoxa.

Finalmente no Brasil, o livro “A Quarta Teoria Política” de Aleksandr Dugin

A dissidência brasileira e todo mundo que possui interesse em filosofia política recebeu uma boa notícia no início do mês, com a divulgação do lançamento em português da obra “A Quarta Teoria Política”, escrita pelo filósofo, antropólogo, sociólogo (etc.) russo Aleksandr Dugin, pela recém-inaugurada Editora ARS REGIA. Não é a primeira vez que esse livro é traduzido ao português, já que a falecida Editora Austral publicou a 1ª edição brasileira da obra em 2012. Não obstante, como a tiragem foi bastante pequena, o livro rapidamente se tornou item de colecionador e há anos é quase impossível conseguir adquiri-lo.

O Quarto Nomos da Terra, a Quarta Teoria Política e a Crítica à Teoria do Progresso

Não há nada mais trágico do que não ser capaz de compreender o momento histórico em que vivemos hoje. Quando alguém não conhece o momento histórico em que vive e observa o presente com ferramentas conceituais obsoletas, perguntando-se sobre o futuro como se ainda fosse passado, então essa pessoa é incapaz de superar o passado ou de conhecer o presente. Mas qual é o momento histórico em que nos encontramos? O momento histórico em que estamos vivendo é conhecido como globalização pós-moderna.

Fenomenologia: A Realidade Não é Real

Afirma Husserl: nossa consciência está sempre voltada para alguma coisa. Essa é a ideia principal da intencionalidade introduzida por Brentano. E aquilo para que ela está direcionada está dentro de nossa consciência. Ela contém os nomes, formas, qualidades e atributos das coisas percebidas, "intencionadas". As coisas são construídas dentro da percepção e só então - depois, a posteriori - as relacionamos (convencionalmente) com o que deveria estar fora da consciência. Mas Husserl mostra que tal teste de dentro comparado com fora está longe de ser necessário para construir uma verdadeira filosofia da consciência. Podemos nos virar muito bem sem ela.

Bem-vindos, todos os recém-chegados!

Podemos observar um certo “rito de passagem”. Como tal, interpreto a situação em que culminou a presidência de Donald Trump, nomeadamente com a sua queda pela mão da elite globalista, representada por Joe Biden. Isso nada mais é do que um “rito de passagem” – personificado por desfiles gays, levantes BLM, ataques imperialistas LGBT +, o levante mundial do feminismo extremo e a chegada espetacular do pós-humanismo e da tecnocracia extrema. Existem profundos processos intelectuais e filosóficos por trás de tudo isso. E esses processos têm impacto na cultura e na política.

Guilherme de Occam e a Maldição do Nominalismo

Muitas pessoas que se consideram intelectuais ocasionalmente repetem a frase “não dupliquemos as essências” e olham em volta triunfantemente, esperando que outros apreciem sua “inteligência”. Parece realmente estúpido, e o próprio conteúdo desta afirmação, que pertence ao fundador do nominalismo, o filósofo medieval Guilherme de Occam, é simplesmente criminoso. É uma blasfêmia grosseira e imunda, uma espécie de profanação metafísica – falsa e insultuosa. E é frequentemente repetida de forma irrefletida. Tal prática deve ser interrompida.

AS SOCIEDADES, A PARTIR DE AGORA, DEVEM SER REORGANIZADAS DE ACORDO COM SUA HISTÓRIA, LONGE DE QUALQUER DOGMATISMO

Dugin levanta a hipótese de que haverá um mundo novo e mais justo. Um mundo em que os povos podem se organizar de acordo com sua própria história, cultura e religião sem serem guiados por um poder centralizado, sufocante e indiferente.

ALEXANDER DUGIN E O CONTINENTALISMO IBERO-AMERICANO

Dugin destaca que o debate sobre Geopolítica e Relações Internacionais adquiriu cada vez mais importância no meio acadêmico e científico. Ele destacou que embora existam diversos paradigmas nas Relações Internacionais, as escolas dos realistas e dos liberais são as hegemônicas nas universidades. Os primeiros consideram que a soberania é vital e que não deve haver instâncias supranacionais que limitem a capacidade do Estado nacional. Com esses princípios, o realismo apoiou o desenvolvimento econômico e as políticas de defesa nacional dos estados modernos.

PUTIN-BIDEN SUMMIT: AINDA MELHOR QUE “W-WORD”

A reunião de Putin com Biden claramente não foi boa. Nenhum dos analistas e especialistas esperavam que ela seria um avanço ou um sinal tranquilizador. Pior que isso só se não houvesse a tal reunião. Se os líderes de duas potências mundiais claramente hostis se encontrarem cara a cara, significa que pelo menos não há guerra. É claro que a guerra real pode irromper a qualquer momento: quando Biden e sua agenda extremista liberal do Grande Reset tomaram a presidência de Trump, esse risco aumentou drasticamente.

Dugin e sua atração pelo Peronismo

Se a pandemia de Covid-19 irá alterar as condições para um mundo multipolar é uma questão que precisa ser respondida. Nesse caso, Aleksandr Dugin, como muitos dos principais filósofos, não hesitou em definir o evento como um ponto de inflexão na história moderna. “Não é o fim do mundo enquanto tal, mas certamente o fim do sistema mundial capitalista, unipolar, dirigido pelo Ocidente”, disse ele em uma entrevista em maio. “O que nem ideologias, guerras, batalhas econômicas ferozes, terror, nem movimentos religiosos foram capazes de fazer, um vírus invisível, mas mortal, fez. Trouxe morte, dor, horror, pânico, tristeza… mas também o futuro”, ele também previu em março. Entretanto, ele se permitiu algumas críticas ao presidente russo. “Sua ligação com Putin é mais sobre o impacto de seu trabalho na consciência estratégica da Rússia do que sobre um vínculo político-ideológico direto. Na verdade, ele é crítico de Putin em muitos aspectos”, adverte Montenegro.

O Pan-Africanismo: Das Origens à Resistência Africana no Século XXI

Para enfrentar a ameaça globalista o micronacionalismo não serve mais. Nenhum Estado-nação é forte o bastante para, sozinho, represar e reverter a avalanche cosmopolita pós-moderna e neoliberal. Por isso, os povos do mundo devem se reorganizar segundo blocos civilizacionais continentais. Tal como nós defendemos a Pátria-Grande ibero-americana, devemos apoiar e estudar as iniciativas pan-europeístas, eurasiáticas, e, evidentemente, também o pan-africanismo que recentemente tem sido defendido por Kemi Seba, principal nome da Quarta Teoria Política na África.

Introdução à filosofia da Política

A história da filosofia e a história da política produzem estritamente um e o mesmo padrão. Isso é extremamente importante. Existe uma homologia precisa entre eles. Se a filosofia se move em uma direção, a política não pode se mover em outra direção. A política caminha junto com a filosofia. Se algo mudou na filosofia, algo mudará na política. Se algo mudou na política, algo mudou na filosofia, o que predeterminou essa mudança na política. A política não tem autonomia da filosofia. A política costuma ser mais visível, embora às vezes menos. Do ponto de vista da história … as mudanças de dinastias, de um certo líder, príncipe, imperador … para começar uma guerra … isso é evidente, é uma decisão política, mas nunca é distinta da filosofia. É o que vemos – a decisão política – mas não vemos a decisão filosófica, que deve estar aí. Do ponto de vista da filosofia da política, a história política é uma seção da história da filosofia, dependendo absolutamente dessa história filosófica. Nenhum político está livre da filosofia e nenhum filósofo pode deixar de ser visto à luz de sua dimensão política implícita.

 

Dante Alighieri: Última Vítima da Cultura do Cancelamento

O autor da Divina Comédia havia colocado o fundador do Islã em uma parte não muito agradável do cosmo sagrado. E os liberais, que geralmente não se importam com o Islã, ou qualquer religião tradicional em geral, de repente decidiram que tal leitura poderia ter um efeito negativo sobre a psique dos migrantes de países islâmicos. E que eles deveriam ser protegidos contra isso, para não provocar explosões de agressão imprevisíveis de sua parte. Parece um absurdo, mas em nosso mundo quase tudo parece absurdo. Chegou a hora de nos acostumarmos a isso.

Aqui todos estão na posição de completos idiotas.

A batalha pelo cosmos na filosofia do eurasianismo

Em primeiro lugar, o eurasianismo foi levado à convergência com o platonismo. Atrair diretamente Platão, platonismo e neoplatonismo, incluindo o platonismo cristão nas igrejas ocidentais e orientais, enriqueceu qualitativamente a filosofia eurasianista, emprestando uma base ontológica à teoria da ideocracia eurasiana. É suficiente decifrar a tese tipicamente eurasianista do Ideia-Governante no contexto do platonismo plenamente desenvolvido - isto é, não contaminado pela modernidade ocidental - para ver como tal revela todo o seu profundo potencial. Isso também diz respeito à tese da “seleção eurasiana” necessária à formação de uma elite eurasianista e à organização vertical da sociedade. Tudo isso é uma aplicação direta dos princípios da República de Platão, à frente de cujo estado estão os filósofos governando à luz das Idéias. A política assume, portanto, o sentido de construir um análogo do estado celestial da eternidade na Terra, que nos remete à escatologia cristã - a descida da Jerusalém celestial e os fundamentos da teoria bizantina da sinfonia de poderes. O poder deve ser sagrado. O estado deve ser um reflexo do arquétipo eterno. A classe dominante deve consistir em idealistas e ascetas devotados à sua pátria e povo precisamente pelo fato de que eles, por sua vez, são os portadores de uma missão sagrada.

Dois Mundos, Duas Humanidades

Aparentemente, nossa geopolítica já está consolidada. Já se passaram 20 anos desde a primeira edição do livro Fundamentos da Geopolítica, que lançou as bases para a construção da geopolítica nacional eurasiana: o vácuo ideológico que flagelava nossa compreensão acerca de nossa própria posição na esfera geopolítica naquela época foi preenchido pelo Eurasianismo. Antes disso, o mundo era por nós mensurado por meio de conceitos ideológicos (o campo socialista vs. o capitalismo). Porém, mesmo depois que tal dualismo foi abandonado, permaneciam incompreensíveis os motivos que levavam a OTAN a continuar se expandindo para o Oriente, afinal, “já havíamos nos tornado liberais”.

Páginas