A Concepção Sagrada dos Espaços

Nós definimos o tema que escolhemos para a nossa discussão, "A Concepção Sagrada dos Espaços". Como você bem sabe, a escola de pensamento do tradicionalismo integrante baseia-se sobre um determinado assunto: os conceitos polares opostos subjacentes à abordagem dialética da realidade humana são dois simetricamente opostos - Tradição e Modernidade. Por Tradição compreendemos de modo geral a abordagem do "sagrado" ao real, uma leitura simbólica da mesma que, trabalhando com o que Carl Schmitt chamou de "catolicismo romano e forma política" princípio da representação, consideraremos o plano como um reflexo do mundo imanente transcendente, como expresso sistematicamente pela filosofia platônica. É um erro, porém definir o conservadorismo como um ramo da filosofia derivada do idealismo platônico porque, em sua visão ortodoxa, é considerada a ciência que estuda a manifestação do Uno pré-existente imanente - uma revelação eterna - e as estradas a fim de acessar sua experiência direta. A abordagem tradicional também pode ser definida cosmologicamente. A modernidade é a ruptura drástica com a concepção de existência simbólica e espiritual: a chave para o que não é mais cosmológico, como é na concepção tradicional, e sim mecânico. Se o pensamento tradicional é generalizante, representante, universalizante e essencialmente metafísico, o pensamento moderno, como seu oposto radical, manifesta-se como fragmentado, mecanicista e potencialmente niilista. 

A Geopolítica Existencial de Carlo Terracciano

Carlo Terracciano herdou a tradição geopolítica do continentalismo europeu. Em seus escritos (reunidos em uma série de artigos "Nel Fiume della Storia"), ele traça a gênese ideológica dessa escola. O imperialista britânico H. Mackinder foi o primeiro a articular a principal lei geopolítica - a oposição dualista entre a civilização do mar (talassocracia) e a civilização da terra (telurocracia). O próprio Mackinder foi um brilhante representante da talassocracia e garantiu a transferência da tradição da estratégia talassocrática, o procedimento de apercepção geopolítica da Grã-Bretanha aos Estados Unidos. Mackinder foi um dos fundadores da Escola de Londres de Economia, contribuiu para a emergência da "Chatham House", do Centro Real para Estudos Estratégicos, e inspirou o primeiro time da CFR (Conselho de Relações Exteriores), publicando em "Foreign Affairs" seus artigos tardios. Dele ao americano A. Mahan está uma linha reta de geopolítica atlantista, vindo do realismo americano (e algum "liberalismo muscular", transnacionalismo e globalismo) até Kissinger, Brzezinski, Rockefeller, por um lado, e os neocons do outro. A hegemonia planetária dos Estados Unidos e a ideia de talassocracia global com o Governo Mundial, tudo que deriva de uma visão planetária de Mackinder, levado aos seus limites lógicos. O mundo pode se tornar realmente global, somente quando o Poder do Mar definitivamente derrotar o Poder da Terra (ou vice-versa). Essa era a aposta da vida de Mackinder. E agora nós vemos que muitos de seus projetos foram realizados: ele insistia no desmantelamento da Rússia, na criação de um "cordão sanitário" na Europa Oriental, na necessidade de derrotar Alemanha e Rússia, e tudo isso de alguma forma está realizado ao fim do século XX, fornecendo assim as condições para a emergência de um mundo unipolar de da hegemonia global americana. Esse império talassocrático diante de nossos olhos, se tornando uma realidade.

Ulisses, Alexandre e Eurásia

Há algum tempo relia o canto XXVI do Inferno de Dante (o célebre canto de Ulisses). Como provavelmente recordareis, em certo momento o Ulisses dantesco recorda a arenga com a qual convenceu seus companheiros de expedição para atravessarem as Colunas de Hércules: "O frati, dissi, che per cento milia - perigli siete giunti all'occidente (...)" . Esforçando-me em vislumbrar algo daquele sentido alegórico que, por declaração expressa de Dante, tenha ficado oculto por trás do sentido literal, aventurei a seguinte conjectura: o Ocidente evocado por Ulisses na sua pequena oração é provável que não esgote seu significado na acepção espacial e geográfica do vocábulo "Ocidente", que designa o lugar do "Sol que morre" (Sol occidens), o lugar onde acaba o cosmos humano e começa o "mondo sanza gente", o reino das trevas e da morte.

É portanto provável que o Ocidente dantesco, tendo em conta a polivalência do símbolo, assinale também uma fase temporal, assim pois um sentido ulterior do discurso de Dante seria que seus companheiros, enquanto "vecchi e tardi", tenham chegado "a l'occidente" de sua existência, isto é à proximidade da morte. 
E assim como eles representam à humanidade europeia, como não compreender, simultaneamente, que a Europa devia chegar - e de fato teria chegado precisamente na época de Dante, nos inícios do século XIV - à proximidade dessa fase histórico-cultural que, segundo o que disse René Guénon, "representou na realidade a morte de muitas coisas"?

 

Eurásia como conceito espiritual

"Sublinhar e enfatizar as conexões, as linhas de força nas quais se sustenta a trama do conceito espiritual de Eurásia, da Irlanda ao Japão": a esta preocupação de P. Masson Oursel, que se inspira em uma programa esboçado em 1923 em La Philosophie Comparée e prosseguido em 1948 em La Philosophie en Orient, Henry Corbin (1903-1978) atribui um "valor especial". Transcendendo o nível das determinações geográficas e históricas, o conceito de Eurásia vem a constituir a "metáfora da unidade espiritual e cultural que irá recompor o final da era cristã em vista da superação dos resultados desta". Estas são, ao menos, as conclusões de um estudioso que na obra corbiniana descobriu as indicações idôneas para fundar: "aquela grande operação de hermenêutica espiritual comparada, que é a busca de uma filosofia - ou melhor dito: de uma sabedoria - eurasiática". Em outras palavras, a própria categoria geofísica de "Eurásia" não é mais que a projeção de uma realidade geosófica vinculada à Unidade originária, posto que "Eurásia" é, na percepção interior, na paisagem da alma ou Xvarnah ("Luz de Glória", no léxico mazdeano), a Cognitio Angelorum, a operação autológica doAnthropos Téleios, ou inclusive, por último, a unidade entre o Lumen Naturae e a Lumen Gloriae. Daí a possibilidade de abordar a Eurásia com o conhecimento imaginal da Terra como um Anjo.

"Financismo", o Estágio Supremo de Desenvolvimento do Capitalismo

Representa o capitalismo financeiro apenas uma variante aleatória da essência comum do desenvolvimento do sistema capitalista? Ou será, ao invés, a encarnação definitiva de toda sua lógica, seu triunfo?

A resposta para essa questão não pode ser encontrada dentro dos clássicos da teoria econômica, seu horizonte sendo limitado à fase industrial do desenvolvimento - cuja tendência geral e completa significância econômica eles (e principalmente os marxistas) investigaram completamente e corretamente. A sociedade pós-industrial ainda é, em muitas maneiras, uma realidade obscura.
Em sua análise não há clássicos estabelecidos, ainda que muitos autores tenham lançado um olhar profundo sobre esse fenômeno. A tarefa de compreender o "financismo" é nossa, quer gostemos ou não.
Até mesmo para darmos os primeiros passos na direção de um panorama consistente desse tema, nós temos que considerar toda a história do paradigma econômico, e individuar ali o lugar do "financismo" - não apenas a partir do ponto de vista da cronologia quantitativa, mas a partir do ponto de vista da relevância qualitativa desse fenômeno no desenvolvimento geral de modelos econômicos.
 

Da Geografia Sagrada à Geopolítica

 

Conceitos geopolíticos se tornaram os principais fatores da política moderna há muito tempo atrás. Eles são construídos sobre princípios gerais que permitem analisar facilmente a situação de qualquer país e região particular.
A geopolítica em sua forma atual é indubitavelmente uma ciência mundana, "profana", secularizada. Mas talvez, entre todas as ciências modernas, ela haja salvo em si mesma a maior conexão com a Tradição e as ciências tradicionais. René Guénon disse que a química moderna é o resultado da dessacralização de uma ciência tradicional - a alquimia, como a física moderna é da magia. Exatamente do mesmo jeito se poderia dizer que a geopolítica moderna é o produto da laicização e dessacralização de outra ciência tradicional - a geografia sagrada. Mas já que a geopolítica ocupa um lugar especial entre as ciências modernas, e é às vezes categorizada como "pseudo-ciência", sua profanação não é tão realizada e irreversível, como no caso da química ou da física. A conexão com a geografia sagrada aqui é um tanto quanto distintamente visível. Portanto é possível dizer que a geopolítica se encontra em um lugar intermediário entre a ciência tradicional (geografia sagrada) e a ciência profana.

A Concepção Sagrada dos Espaços

Nós definimos o tema que escolhemos para a nossa discussão, "a concepção do espaço sagrado." Como você bem sabe, a escola de pensamento do tradicionalismo integrante baseia-se sobre um determinado assunto: os conceitos polares opostos subjacentes à abordagem dialética da realidade humana são dois simetricamente opostos - Tradição e Modernidade. Por Tradição compreendemos de modo geral a abordagem do "sagrado" ao real, uma leitura simbólica da mesma que, trabalhando com o que Carl Schmitt chamou de "catolicismo romano e forma política" princípio da representação, consideraremos o plano como um reflexo do mundo imanente transcendente, como expresso sistematicamente pela filosofia platônica. É um erro, porém definir o conservadorismo como um ramo da filosofia derivada do idealismo platônico porque, em sua visão ortodoxa, é considerada a ciência que estuda a manifestação do Uno pré-existente imanente - uma revelação eterna - e as estradas a fim de acessar sua experiência direta. A abordagem tradicional também pode ser definida cosmologicamente. A modernidade é a ruptura drástica com a concepção de existência simbólica e espiritual: a chave para o que não é mais cosmológico, como é na concepção tradicional, e sim mecânico. Se o pensamento tradicional é generalizante, representante, universalizante e essencialmente metafísico, o pensamento moderno, como seu oposto radical, manifesta-se como fragmentado, mecanicista e potencialmente niilista. Digo "basicamente" niilista porque, no desenrolar do fenômeno moderno, não esgota as possibilidades (ou pelo menos, não tivemos a oportunidade de conhecer este evento), mas aprofunda-se, expandindo sua influência e aumentando o grau de entropia que contém, provando ser o tempo da grande confusão prevista por René Guénon. Mais do que um sociólogo, incluindo Jedlowsky, advertiu-nos o fato de que a suposta pós-modernidade não é outra coisa senão o fenômeno moderno que é o apenas aparentemente negar a si mesmo, ele se quebra e se expande, criando uma nuvem de "modernidade diversas", e, aparentemente contrário ao contrário, de fato, todos os participantes do mesmo projeto e relativista perspectivista que, em aparente oposição ao primeiro evento universalista e racionalista da modernidade, na verdade, partes da natureza e cartesiana subjetivista. O professor Dugin, em seu discurso na conferência internacional de Moscou "Contra o mundo pós-moderno", tem bem definida a pós-modernidade como a queda da modernidade, então a expansão, a hipertrofia do princípio da quantidade que caracteriza a própria modernidade. Também o professor Dugin tem repetidamente salientou a necessidade de uma restauração da categoria filosófica do objetivismo, em oposição à natureza subjetivista da modernidade: na verdade ele não é o único que viu no universalismo marxista e no objetivismo (assim como na derrubada da manifestação idealista tripartite do Espírito) a continuação de categorias clássicas e tradicionais de pensamento. Cito neste caso o filósofo italiano Costanzo Preve que, em conjunto com Domenico Losurdo, representam a aresta de corte efectivo da Europa neomarxista. 

Eurasianismo como a via para a real multipolaridade

 

Globalização como o corpo principal da história moderna
Em sentido amplo, a Idéia Eurasiana e até a Eurásia como conceito não correspondem estritamente às fronteiras geográficas do continente Eurasiano. A Idéia Eurasiana é uma estratégia de escala global que reconhece a objetividade da globalização e o fim dos “nações-estados” (Estados-Nações), mas ao mesmo tempo oferece um cenário diferente de globalização, o qual não confere um mundo unipolar ou um único governo global. Ao invés, ela oferece várias zonas globais (polos). A Idéia Eurasiana é uma alternativa ou versão multipolar da globalização, mas a globalização é atualmente o processo mundial mais fundamental que está decidindo o principal vetor da história moderna.

Nacional-Bolchevismo ou Nada

O nacional-bolchevismo é aquilo que jamais foi. Ele jamais foi posto em prática, e nem mesmo em teoria. O nacional-bolchevismo está por vir. Por vir, na medida em que essa doutrina será um santuário ideológico e metafísico para aqueles que negam o mundo moderno, o sistema do capitalismo liberal que se tornou a única base da sociedade moderna. A oposição durará para sempre. As velhas ideologias anti-burguesas já demonstraram suas limitações. Erros teóricos mais cedo ou mais tarde resultaram em uma queda histórica. Quem não entende isso, não possui lugar na história.

Sujeito Sem Limites

Quando a questão é sobre definir o fenômeno da agressão, as pessoas mais comumente apelam a esferas emocionais, psicológicos e sentimentals, deixando de levar em consideração, como é comum no mundo moderno, os aspectos mais profundos e metafísicos do fenômeno. Na veia da tradição humanista apareceu por conta própria a atitude negativa em relação a agressão, que é considerada como algo sujeito à eliminação total ou (o que é mais realista) a redução. Porém, a agressão é tão intimamente ligada à natureza humana, que ela remete a si mesma constantemente - tanto no quotidiano, na psicologia da vida privada e na realidade política de guerras, conflitos, lutas. Tentemos compreender a agressão, abstraindo-nos de todas as opiniões estereotípicas usuais - pacifistas, escandalosamente apologéticas, psicanalíticas ou socialmente deterministas.

Metafísica do Nacional-Bolchevismo

O termo "Nacional-Bolchevismo " pode significar várias coisas completamente diferentes. Ele surgiu praticamente ao mesmo tempo na Rússia e na Alemanha para significar as suposições de alguns pensadores políticos sobre o caráter nacional da revolução bolchevique de 1917, escondido na fraseologia marxista ortodoxa internacionalista. No contexto russo "nacional-bolcheviques" era um nome comum para os comunistas, que tentaram proteger a integridade do Estado e (conscientemente ou não) continuaram a grande missão geopolítica histórica russa. Os nacional-bolcheviques russos, tanto entre os "brancos" (Ustrialov, Smenovekhovtsy, Eurasianos de Esquerda) e entre os "vermelhos" (Lenin, Stalin, Radek, Lezhnev etc) (1) Na Alemanha, o fenômeno análogo foi associado com formas extremamente esquerdistas de nacionalismo dos 20s-30s, em que as idéias do socialismo não-ortodoxo, a Idéia Nacional e uma atitude positiva em relação a União Soviética foram combinados. Entre os nacional-bolcheviques alemães Ernst Niekiesch foi sem dúvida o mais consistente e radical, embora alguns revolucionários conservadores também possam ser referidos a este movimento, tais como Ernst Jünger, Ernst von Salomon, August Winnig, Karl Petel, Harro Schultzen-Beysen, de Hans Zehrera, os comunistas Laufenberg e Wolffheim, e mesmo alguns Nacional-Socialistas extremamente esquerdistas, tais como Strasser e, durante um determinado período, Joseph Goebbels.

A Necessidade da Quarta Teoria Política

Vozes perturbantes e criticismo começaram durante o final do último século, com o nascimento de fenômenos como a globalização e o unimundialismo. Este criticismo soou não somente de oponentes externos – conservadores, Marxistas e povos indígenas –, mas começou dentre o campo da comunidade Ocidental. Pesquisadores perceberam que o moderno choque de globalização é a conseqüência do liberalismo universal, que se opõe a qualquer manifestação de distinções. O programa último do liberalismo é a aniquilação de quaisquer distinções. Por isso, o liberalismo mina não somente o fenômeno cultural, mas também o próprio organismo social. A lógica do liberalismo Ocidental contemporâneo é aquela do mercado universal desprovido de qualquer cultura que não seja aquela do processo de produção e consumo.
A experiência histórica provou que o mundo liberal Ocidental tentou forçosamente impor sua vontade sobre todos os outros. De acordo com esta idéia, todos os sistemas públicos no Mundo são variantes do sistema – liberal – Ocidental, e suas características distintas devem desaparecer antes da aproximação da conclusão desta época mundial.

Ideia Eurasiana e Pós-Modernismo

 

É muito simbólico que estejamos realizando nossa conferência na véspera do dia de São Miguel Arcanjo. Segundo a tradição ortodoxa ele é celebrado no oitavo dia do nono mês (em tempos antigos o ano começava em 1 de março). "Nono" simboliza nove arcanjos, "oitavo" - eternidade, momento sacral de Ressurreição, quando "o tempo se converterá em espaço" e o triunfante "Fim do Mundo" - "parusia" ou dia do juízo final começam. 
 
O conservador revolucionário alemão (e é muito importante lembrar que a ideia eurasiana é uma das principais correntes da filosofia conservadora revolucionária) Arthur Moeller van den Bruck expressou um pensamento bastante profundo: "A eternidade está sempre com o conservador". Isso significa, caros associados, que a eternidade está conosco.
 
O Arcanjo Miguel desempenha na tradição monoteísta uma parte importante - ele é o arquiestrategista, líder do exército arcangélico, exército do bem que se opõe aos demônios do mal. Ele é o eixo vertical perpétuo do super drama da história mundial.

Cinco Teses sobre o Significado da Vida

Já é hora de chamar as coisas pelos seus próprios nomes, sem prestar atenção à correções estilísticas ou tons excessivamente acadêmicos. Torna-se claro que, em qualquer caso, ninguém vai entender-nos ou receber-nos. Portanto não há nenhuma razão real para dar ao discurso um tom mais estilístico. Não jogamos xadrez no final da Kali-Yuga. Todos devem deixar claro para ele(a) mesmo(a), o que queremos e o que nós queremos de você pessoalmente. A pergunta é sobre o sentido da vida. Uma pergunta típica. Durante os tempos de passagem, temos de enfrentá-la sem quaisquer risos ou rodeios. Nosso objetivo tem vários níveis.

Metafísica do Caos

 

Na realidade ele não tem qualquer relação com o Caos enquanto tal, com o Caos no sentido grego original do termo. É ao invés um tipo máximo de confusão. René guénon chamou a era na qual vivemos agora de uma era de Confusão. A Confusão significa o estado de ser que sucede a ordem e a precede. Assim nós devemos fazer uma distinção clara entre dois conceitos diferentes. Por um lado nós temos o conceito moderno de caos que representa pós-ordem ou uma mistrua de fragmentos contraditórios de ser sem qualquer unidade e ordem, ligados entre si por correspondências e conflitos pós-lógicos altamente sofistsicados. Gilles Deleuze chamou esse fenômeno de um sistema não co-possível composto pela multiplicidade das mônadas (usando o conceito de mônadas e co-possibilidade introduzido por Leibiniz) tornando-se para Deleuze "as nômadas". Deleuze descreve a pós-modernidade como uma soma de fragmentos não co-possíveis que podem coexistir. Isso não era possível na visão leibniziana da realidade baseada no princípio da co-possibilidade. Mas dentro da pós-modernidade nós podemos ver elementos excludentes coexistindo. As mônadas não-co-possíveis ("nômadas") não-ordenadas enxameando ao redor poderia parecer o caótico, e nesse sentido nós normalmente usamos a palavra caos no linguajar quotidiano. Mas estritamente falando nós deveriamos diferenciar.

Meu nome é machado: Dostoiévski e as Metafísicas de São Petersburgo

No antigo calendário rúnico, a runa que retratava o machado era chamada de "thurs" e foi dedicada ao deus Thor. Ele caiu sobre os primeiros meses do Ano Novo. Thor era o Deus do Machado ou o seu equivalente simbólico, o Deus do Martelo ou Mjollnir. Com este Machado-Martelo, Thor esmagou o crânio da Serpente do Mundo, Irmunganthr, que flutuava nas águas inferiores das trevas. Mais uma vez o mito do solstício, ligado ao ponto do Ano Novo: a Serpente é o Inverno, o frio, as águas mais baixas do ano Sagrado, aonde o sol polar desce. Thor, que é ao mesmo tempo o Sol e o espírito do Sol, vence o frio e torna a Luz livre. Em fases posteriores do mito, a imagem do Sol-Luz é dividida em duas - o salvador e os salvos - e depois em três, com a adição de instrumento da salvação, o machado. Na forma primordial, todos aqueles personagens eram algo unidos: Deus-Sol-Machado (ou Martelo).

A mais antiga inscrição do sinal de machado nas antigas cavernas do Paleolítico e gravuras rupestres foram analisadas por Herman Wirth à luz de todo o ritual e estrutura do calendário. Ele traçou a constância incrível desse proto-machado através das mais diferentes culturas, línguas, localidades e épocas. Ele mostrou a relação etimológica e semântica das palavras que significam “machado” com outras noções simbólicas e temas mitológicos, que também estão associados com o mistério de Ano Novo, com o meio do Inverno e também com o Solstício de Inverno.

Entrevista com Alain De Benoist

As modalidades que levaram ao poder Mario Monti e Lukas Papademos nos governos de Roma e Atenas levaram alguns observadores a lembrar do chamado "estado de excepção" de Carl Schmitt, analisado ​​por questionar a própria existência da União Europeia. Qual é a sua opinião sobre isso? 

Não estou muito certo de que podemos falar de "estado de excepção" para descrever as circunstâncias que marcaram a ascensão de Mario Monti e Papademos Lukas. Mas devemos salientar que segundo Carl Schmitt, o estado de emergência é destinado principalmente a revelar onde a soberania reside. "É soberano - afirma Schmitt - quem decide o estado de excepção".

Neste caso, é óbvio que os mercados financeiros tornaram-se soberanos, como é óbvio que os políticos deixaram o campo. Os Estados Unidos endividar-se para salvar bancos. Depois disso, financistas e banqueiros tiveram a oportunidade de investir em posições estratégicas dentro da União Europeia. 

Julius Evola e o Tradicionalismo Russo

A Descoberta de Evola na Rússia

Os trabalhos de Julius Evola foram descobertos nos anos 60 pelo grupo de intelectuais esotéricos e anti-comunistas conhecidos como “os dissidentes da direita”. Eles compunham um pequeno círculo de pessoas que conscientemente se negava a participar da “vida cultural” da URSS e que, ao invés disso, tinham escolhido uma vida subterânea para si. A disparidade entre o cultura Soviética presente e a verdadeira realidade Soviética foi quase que totalmente o motivo que os levou a buscar os princípios fundamentais que poderiam explicar as origens daquela terrível idéia absolutista. Foi pela sua recusa do Comunismo que eles descobriram certos trabalhos de autores anti-modernos e tradicionalistas: acima de tudo, os livros de René Guénon e Julius Evola. Duas personalidades centrais animavam este grupo – o filósofo islâmico Geidar Djemal e o poeta não-conformista Eugene Golovine. Graças a eles, esses “dissidentes da direita” souberam os nomes e as idéias dos dois maiores tradicionalistas do século. Nos anos 70, uma das primeiras traduções de um trabalho de Evola (A Tradição Hermética) apareceu e foi distribuída dentro de um grupo, de acordo com os métodos do Samizdat[1]. No entanto, as traduções originais eram particularmente ruins em qualidade, porque elas foram feitas por amadores incompetentes muito distantes do grupo de verdadeiros intelectuais tradicionalistas.

A Idéia Eurasiana

A globalização é a imposição de um paradigma atlantista. A globalização enquanto atlantismo busca evitar esta definição de todas as formas. Os proponentes da globalização argumentam que quando não houver mais alternativa ao atlantismo, ele cessará de existir. O filósofo político americano F. Fukuyama escreveu sobre o “fim da História”, que significa na verdade o fim da história geopolítica e  do conflito entre atlantismo e eurasianismo. Isto significa a arquitetura de um novo sistema mundial sem nenhuma oposição e com um único pólo — o pólo do atlantismo. Podemos também nos referir a esta arquitetura como Nova Ordem Mundial. O modelo de oposição entre dois pólos (Leste-Oeste, Norte-Sul) se transforma no modelo de centro-periferia (centro — Ocidente, “norte rico”; periferia — sul).  Esta variante de arquitetura mundial está em desacordo completo com o conceito de eurasianismo.

Há uma alternativa à Globalização Unipolar
Atualmente, a Nova Ordem Mundial é nada mais do que um projeto, um plano, ou uma tendência. É muito grave, mas não fatal. Os adeptos da globalização negam qualquer alternativa para o futuro, mas vemos hoje um fenômeno anti-globalista em larga escala, e a idéia eurasiana coordena de um modo construtivo todos os oponentes da globalização unipolar. Mais ainda, oferece a idéia concorrente de globalização multipolar (ou alter-globalização).

Aleksandr Dugin - Ou Quando a Metafísica e a Política se Unem

Escassas personalidades nos últimos anos comoveram de maneira tão estrondosa os ambientes do radicalismo mundial, como fez Aleksandr Dugin. Polemista, homem dotado de uma memória prodigiosa, notável artesão na difícil ciência de gerar idéias, locutor radial de um programa transgressor como poucos, ensaísta, geopolítico, músico, estudioso da Metafísica guénoniana, crítico das ideologias políticas aceitas pela polícia do pensamento, editor clandestino das obras de Guénon e Evola quando ainda a União Soviética era uma realidade, diretor da associação e casa editorial Arctogaia, a qual literalmente inunda a Internet com suas páginas que tratam sobre Nacional-Bolchevismo, Otto Rahn, Eurasismo, e Julius Evola, entre um universo conceitual heterogêneo que poderá gerar aplausos ou odiosidades; pois frente a Dugin ou está-se com ele e segue-se o mesmo, ou repudia-se ele. Parece não haver outra opção. E, sem embargo, nós queremos fazer um juízo crítico que esteja mais além das posturas extremas antes mencionadas. Trataremos de expôr as idéias que sustenta Dugin, indicando, quando estimemo-lo procedente, nossa opinião.

O Nacional-Bolchevismo Russo

Se há disponível agora na França um número de trabalhos satisfatórios de referência que nos permite compreender bem o nacional-bolchevismo alemão, isso é não é o caso para um nacional-bolchevismo russo, a existência da qual nós estamos simplesmente descobrindo. Assim o trabalho de Mikhail Agusrky, embora hostil, é uma importante fonte de informação e de razões para meditar, ainda de ter esperanças.

 
A tese do autor, inspirada por reflexões de Ortega y Gasset em A Revolta das Massas, é que os componentes marxistas e socialistas do bolchevismo russo são somente “camuflagens históricas” para um processo realmente mais profundo geopolítica e historicamente. Para Agusrky, Lenin praticou uma linguagem dupla, ortodoxa marxista em suas escrituras, que deveriam somente ser consideradas como trabalhos de “relações públicas”, ele se colocou a si mesmo de fato na linha de Aleksandr Herzen, quem rejeitou o Ocidente e quem promoveu uma invasão da Europa Ocidental pelos eslavos. Desde o começo do século, Lenin e os bolcheviques teriam atribuído o objetivo para eles mesmos de dar a liderança da revolução mundial para a Rússia e para os russos. Nesse ponto de vista, o nacional-bolchevismo seria a ideologia nacionalista russa que faria o sistema da política soviética legitimar do ponto de vista nacionalista e não do ponto de vista marxista. O nacional-bolchevismo faria as

Quarta Teoria Política (Excerto)

"Finalmente, o que se pode tomar emprestado do liberalismo? Aqui, como sempre, precisamos começar justamente com aqueles aspectos que não devem ser tomados de empréstimo. Talvez, nesse caso, exista uma descrição clara e bastante bem detalhada novamente em Alain de Benoist (Contra o liberalismo: rumo à quarta teoria política) , ao qual eu constantemente me refiro em minha explanação. Ora, o liberalismo é o principal inimigo da “Quarta Teoria Política”, a qual é construída especificamente com base na oposição a ele. No entanto, mesmo nele, como foi o caso com as outras teorias políticas, existe algo importante e existe algo secundário. O liberalismo, como um todo, apoia-se no indivíduo como bloco que o forma. Essas partes é que são tomadas como um todo. É talvez por essa razão que o “círculo hermenêutico” do liberalismo mostrou-se o mais durável: ele possui as menores órbitas e rotaciona ao redor de seu sujeito – o indivíduo. Para despedaçar esse círculo, devemos atingir o indivíduo, aboli-lo e lançá-lo na periferia das considerações políticas. O liberalismo está bastante ciente dessa ameaça e por isso empreende repetidas batalhas contra todas as ideologias e teorias – sociais, filosóficas e políticas – que porventura lesem o indivíduo, inscrevendo sua identidade num contexto geral maior. A neurose e os medos localizados no âmago patogênico da filosofia liberal podem ser vistos claramente no “Sociedade aberta e seus inimigos” , obra clássica do neoliberalismo de Karl Popper. Ele compara fascismo e comunismo com base precisamente no fato de que ambas ideologias integram o indivíduo numa comunidade supra-individual, em um todo, uma totalidade, o que Popper imediatamente tacha de “totalitarismo”. 

Manifesto da Aliança Revolucionária Global

Vivemos no final de um ciclo histórico. Todos os processos que constituem o sentido da história chegaram a um impasse lógico. 

O fim do capitalismo: O desenvolvimento do capitalismo chegou ao seu limite natural. Há somente uma coisa deixada para o sistema econômico mundial – entrar em colapso no abismo. Baseado em um aumento progressivo das instituições puramente financeiras, bancos em primeiro lugar e, em seguida, estruturas de ações mais complexas e sofisticadas, o sistema do capitalismo moderno, completamente divorciado da realidade, a partir do equilíbrio da oferta e da procura, a partir de relação de produção e consumo, a partir da conexão com uma vida real. Toda a riqueza do mundo está nas mãos da oligarquia financeira mundial através das manipulações complicadas com a construção de pirâmides financeiras. Essa oligarquia desvalorizou não somente o trabalho, mas também o capital ligado ao mercado fundamental, garantiu uma renda financeira e todas as outras forças econômicas entraram em cativeiro para essa elite ultraliberal impessoal e transnacional.
Independentemente de como nos sentimos sobre o capitalismo, é claro agora que não está apenas passando por uma crise, mas está à beira de um colapso total do sistema inteiro. Não importa o quanto a oligarquia mundial tenta esconder o colapso em curso das massas da população mundial, mais e mais pessoas começam a suspeitar que isso é inevitável e que a crise financeira global causada pelo colapso do mercado hipotecário estadunidense e dos principais bancos é apenas o início de uma catástrofe global. Essa catástrofe pode ser atrasada, mas não pode ser prevenida ou evitada. A economia mundial, na forma em que opera agora, está condenada. 

O fim do século xx – fim da modernidade (Excerto de 4TP)

O século XX acabou, mas apenas agora começamos a perceber e a entender esse fato. O século XX foi o século da ideologia. Nos séculos anteriores, religião, dinastias, Estados, classes e Estados-nação desempenharam um enorme papel na vida das pessoas e sociedades. Pois no século XX, a política deslocou-se para uma esfera puramente ideológica, redesenhando o mapa do mundo, das etnias e civilizações de uma maneira nova. Por um lado, as ideologias políticas representavam tendências civilizacionais anteriores com raízes profundas. Por outro, eram algo completamente inovador.

Todas as ideologias políticas, ao alcançar o pico de sua distribuição e influência no século XX, eram o produto de uma era nova era, Moderna, e incorporavam o espírito mesmo da modernidade, ainda que de modos diferentes e por meio de diferentes símbolos. Hoje rapidamente nos afastamos dessa Era. Assim, fala-se, cada vez mais e mais frequentemente, de uma “crise da ideologia” ou mesmo de um “fim da ideologia”. Desta forma, a existência mesma de uma ideologia estatal é explicitamente negada na Constituição da Federação Russa, por exemplo. Já passou da hora de abordar esta questão mais profundamente.
As três principais ideologias do século XX e seu destino
 As três principais ideologias do século XX foram:
liberalismo
comunismo
 fascismo.

Eurasianismo como a via para a real multipolaridade

Paradigma da globalização - paradigma do Atlantismo

O estado-nação de hoje está sendo transformado em um estado global; nós estamos face à constituição de sistemas de governos planetários dentro de um só sistema econômico-administrativo. Acreditar que todas as nações, classes sociais, e modelos econômicos podem subitamente começar a cooperar com a base dessa nova lógica mundial é errado. Globalização é unidimensional, fenômeno univetorial que tenta universalizar o ponto de vista Ocidental (Anglo-Saxão, Americano) de como melhor gerenciar a história humana. Ela é (muito freqüentemente conectada com supressão e violência) a unificação de diferentes estruturas - sócio-políticas, étnicas, religiosas e nacionais,  em um só sistema. É uma tendência histórica Ocidental e Européia que tem alcançado seu pico através da dominação dos Estados Unidos da América.
Globalização é a imposição do paradigma Atlântico. Globalização como Atlantismo absolutamente tenta evitar essa definição. Proponentes da globalização argumentam que quando não houver alternativa ao Atlantismo é que parará de haver Atlantismo. O Americano e filósofo político F. Fukuyama escreve sobre o “fim da História”, que na verdade significa o fim da história geopolítica e do conflito entre Atlantismo e Eurasianismo. Isso tem em vista uma nova arquitetura de um sistema mundial sem oposição e de apenas um polo – o polo do Atlantismo. Podemos também nos referir a isso como a Nova Ordem Mundial. O modelo de oposição entre dois polos (Oriente-Ocidente, Norte-Sul) transforma o modelo centro-periferia (centro – Ocidente, “rico Norte”, periferia – Sul). Essa variante de arquitetura mundial é completamente estranha ao conceito de Eurasianismo.

Eurasianismo, a Ideologia da Nova Rússia e a "Civilização Ocidental"

Expoente maior na atualidade do “Eurasianismo”, Aleksandr Dugin é alguém bastante próximo da linha dura comunista pós-soviética, de poderosos elementos das agências de (des) informação, membros da Duma (Parlamento) e do Executivo russo. Além disso, é quadro do Partido Político “Eurasia” é autor de “Fundamentos de Geopolítica”, um dos manuais empregados em cursos da Academia Militar Russa sob chancela do Alto Comando das Forças Armadas. Adicionalmente, participou recentemente de um debate com o pensador brasileiro radicado nos EUA, Olavo de Carvalho, que merece ser assistido por todos que busquem melhor compreensão das implicações do "Eurasianismo".

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